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Leandro Monteiro sobre o futuro do mercado de esports no Brasil: "Não é fácil prever, o momento é de transição"

As ligas tradicionais mais famosas do mundo estão de olho nos Millennials – jovens e adultos que consumem os esports com uma paixão tão grande quanto aos dos fãs de futebol ou basquete.

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NBA 2K é o principal torneio virtual de basquete do mundo. Na imagem, o 76ers GC, campeões da primeira edição do torneio (Foto: Divulgação)

O Multiverso+ entrevistou Leandro Monteiro Silva, Consultor de Gestão em Esports e Operações, que nos contou o porquê das ligas mais famosas do mundo estão investindo no mercado de esports. Confira abaixo.

Multiverso+: Como você vê a entrada de ligas tradicionais nos esportes eletrônicos?

Leandro Monteiro Silva: Primeiramente, muito obrigado pelo convite para falarmos um pouco mais sobre esse viés do esporte eletrônico que está ganhando cada vez mais força junto às ligas tradicionais. Eu entendo que a entrada das principais ligas já é uma realidade e vista como uma grande oportunidade por parte significativa das ligas tradicionais, que enxergaram o potencial gigantesco desse mercado e entenderam que ficar de fora representará um erro estratégico importante.

Claro que ainda falta para boa parte delas, encontrar a melhor maneira dessa participação nos esports, mas vejo isso como um processo natural e gradativo. Aos poucos teremos cada vez mais ligas aderindo ao esporte eletrônico e de certa forma encorajando e impulsionando outras ligas a seguirem o mesmo caminho. Um fator que contribui muito para que isso aconteça é o licenciamento dos jogos, pois possibilita que as ligas atuem de forma mais integrada e dentro das suas modalidades tradicionais como está acontecendo com a NBA 2K League, que já conta com dezesete times representantes da NBA.

Vejo a participação das ligas tradicionais como algo muito positivo para o desenvolvimento do esporte eletrônico tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista esportivo, social e cultural.

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Os times que hoje compõem a NBA2K League (Foto: Divulgação)

M+: As ligas tradicionais tem um futuro promissor nos esports?

Leandro: Não somente tem futuro, como vão certamente contribuir para que os esportes eletrônicos virem modalidade olímpica. O Comitê Olímpico Internacional deu a entender recentemente que jogos considerados “violentos” não teriam espaço nas Olimpíadas. Não vou comentar aqui se concordo ou não com essa definição de “jogos violentos”, pois esse não é o foco da minha colocação, mas faço a correlação com o fato de que se ligas tradicionais estiverem fomentando jogos em seus segmentos e certamente contribuindo diretamente para um aumento de popularidade dessas modalidades, especialmente entre o público jovem, certamente impulsionaria essa inclusão como modalidade olímpica no futuro, penso eu.

As ligas tradicionais alcançarão ainda mais público e consequentemente terão mais lucros através de mídia, patrocínios, merchandising e mais potencial para ativações entre muitos outros benefícios. A audiência global do esporte eletrônico em dois mil e dezoito alcançará trezentos e oitenta milhões de pessoas, segundo dados de pesquisas e por tanto, é uma excelente oportunidade para que as ligas tradicionais busquem impactar essa grande massa. Acredito que vão obter sucesso ao ingressarem nos esports e terão papel de destaque nesse sentido por todos esses fatores.

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De acordo com o COI, “#Paris2024” está fora dos planos olímpicos (Foto: Divulgação)

M+: Os esports seriam a oportunidade para as ligas mais famosas do mundo expandirem suas atuações e futuramente criarem uma espécie de mundial de esports da liga?

Leandro: Acredito que sim. Seria uma tendência natural dessa evolução. Já foi dado o “start” de alguma forma em várias ligas, como por exemplo, na última temporada da NHL, com o campeonato disputado no jogo da EA SPORTS (NHL DEZOITO). O NHL Gaming World Championship distribuiu cem mil dólares em prêmios e foi realizado em Las Vegas em junho. Foi noticiado também que a NHL já tem um planejamento maior em andamento, voltado para o esporte eletrônico e quer envolver todos os seus times para o próximo ano, com seis jogadores atuando por cada time.

Estou acompanhando de perto essa movimentação, pois sou um grande fã de Hockey desde o início da década de noventa! Outras ligas também já estão se movimentando como é o caso da NFL, que na última temporada já realizou o Madden NFL Club Championship, onde os jogadores representaram cada um dos trinta e dois times da liga de Futebol Americano. A MSL (liga de futebol Americana), também terá um campeonato de esports  do jogo FIFA, com suas principais franquias.

A MLB (liga de Baseball Americana), também já está estudando a melhor forma de participar. Sendo assim, com a adesão das principais ligas tradicionais, vejo com grandes possibilidades a realização de futuros mundiais dessas ligas em longo prazo.

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Palco do Madden NFL 18 Championship Series. O campeonato teve transmissão ao vivo na Disney XD e no ESPN (Foto: Divulgação)

M+: Você tem um palpite de como será o futuro do mercado de esports no Brasil?

Leandro: Não é fácil prever, o momento é de transição. Vejo que saímos do estágio embrionário e estamos entrando no momento mais importante do desenvolvimento do esporte eletrônico no país. Existem várias iniciativas acontecendo de forma simultânea sejam através de campeonatos e eventos de peso internacional, com premiações robustas e que estão acontecendo em maior escala desde dois mil e dezessete ou eventos nacionais, que também estão buscando atingir um novo patamar de qualidade.

Outro fator importante é que a participação cada vez maior de empresas não endêmicas prova que o esporte eletrônico está em alta e indo na contramão da crise econômica no Brasil. Ainda existe a questão da regulamentação e reconhecimento dos esports como esporte, e nesse caso, o principal ponto de atenção é que todas as iniciativas sejam feitas visando contribuir positivamente para que tenhamos um esporte eletrônico forte, com potencial de crescimento e investimento, mas que principalmente tenha como objetivo o esporte em si e seu desenvolvimento no Brasil.

Temos a terceira maior audiência no mundo em termos de esports, somos o décimo terceiro maior mercado de games segundo pesquisas e acredito que só depende de nós, profissionais do setor, fãs, espectadores, enfim, dos stakeholders de um modo geral, para que tenhamos um futuro do ponto de vista de mercado cada vez mais promissor no Brasil.

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Estádio do mineirinho durante a ESL One Belo Horizonte 2018, um dos maiores passos do Brasil no esports até hoje (Foto: HLTV)

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