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paiN Gaming: uma gigante derrubada pela passividade

Como um rebaixamento inesperado e a falta de identidade condenou a paiN Gaming a se manter no ostracismo? Desde o começo da cena brasileira de League of Legends, a paiN manteve seu estilo de jogo idêntico, e isso finalmente caiu na conta.

No último domingo (16), tivemos uma surpreendente dominância da INTZ na Série de Acesso, o que garantiu os Intrépidos a permanência no CBLoL para 2019. Mas como o perdedor era a paiN, os holofotes invariavelmente giraram em torno deles. Uma equipe bicampeã, que se auto intitulava como a de maior torcida, e apesar de terem utilizados de um bordão de “paiN não é modinha, paiN é tradição”, ainda é espantoso ver quando a notícia finalmente chega: a paiN Gaming disputará o Circuito Desafiante pela segunda vez consecutiva.

Aos meus olhos, a equipe possui diversos problemas. Eles definitivamente não conseguem rodar o mapa ao perderem a fase de rotas, possuem dificuldades de manter o top laner Marcelo “Ayel” Mello em um papel de splitpush (pelo qual ficou conhecido), falhou em utilizar um caçador forte para explorar brechas dos adversários, visto que Carlos “Nappon” Rücker esteve bem abaixo do esperado em comparação com os outros caçadores nos playoffs do “Circuitão” (Zuao, Shini e Sephis deram um baile no mesmo), e definitivamente diminuir sua dependência de seu mid laner Thiago “tinOwns” Sartori. Todas essas questões foram cruciais, mas nenhuma foram atribuídas por eles mesmos.

Podemos dizer que a paiN Gaming não vem tendo uma identidade, algo extremamente complexo, visto que foi uma equipe que sempre teve jogadores muito “Raçudos”, e com estilo de jogo bem agressivo. É um problema que vem aparecendo split após split, temporada após temporada, e que não foi resolvido. E caso não seja, pode significar uma guinada ainda maior em direção ao fundo do poço.

Procurando a vitória
Procurando a Vitória
Ayel no domingo durante a série contra a INTZ (Foto: Riot Games)

Na série contra a INTZ, um dos problemas mais gritantes da paiN foi a clara falta de familiaridade do caçador, Carlos “Nappon” Rucker, com o confronto com o caçador inimigo, Diogo “Shini” Rogê. Erros similares já condenaram a equipe no passado, da teimosa insistência de Rodrigo “Tay” Panisa em jogar na selva de forma muito agressiva, e da colocação do Murilo “takeshi” Alves na rota do topo, ignorando que o jogador teve uma carreira primorosa na rota do meio, tudo isso no primeiro split do CBLoL 2018.

A escolha de Kindred e Gragas nos dois últimos jogos foram péssimas, visto que na maior parte dos jogos, parecia que a paiN estava jogando com um jogador a menos, com o Nappon sendo pego diversas vezes fora de posição e terminando o jogo com um gritante 0/6/4 de Kindred e outro 0/3/1 de Gragas.

Mas, mesmo assim, o jogo da paiN poderia ser focado em seu atirador, possuindo condições de vencer o jogo se o “macro play” fosse executado de forma correta.

A INTZ veio com um estilo de jogo similar nas três partidas, um engage a longa distância, e um forte dano na linha de fundo adversária. O problema com essa composição é que com o passar do tempo, a execução vai ficando mais difícil, principalmente com o fortalecimento de uma linha de frente sólida. Do lado vermelho e preto, era necessário tempo, para que a INTZ chegasse a um ponto onde não teria como mais lutar contra eles. A aceleração do jogo por parte da INTZ não era só por vontade – era uma necessidade.

Contudo, a paiN não conseguiu ler o jogo. E esse é o problema: a equipe não consegue ler o jogo adversário. Tem muito pouco a ver com a execução da fase de rotas e mais com a passividade aplicada pela paiN Gaming sobre as condições de vitória de ambas as equipes. O League of Legends vem evoluindo ano após ano, e os desenvolvedores sempre bateram na tecla de que queriam ter um jogo mais rápido e dinâmico. O estilo de ganhar partidas individuais que a “PNG” vem utlizando tem funcionado cada vez menos, e esse é um dos motivos pelos quais o time se encontra no Circuito Desafiante hoje, a paiN perde porque não vê como ganhar o jogo.

Escravos dos patchs passados
Patchs
tin, destaque da paiN Gaming (Foto: Riot Games)

Você consegue ver esse problema antes mesmo dos jogos começarem. É interessante que, no segundo jogo da Série de Acesso (onde a paiN teve mais chances de vitória com o Matsu ficando forte), Ayel e tin, respectivamente, fizeram as escolhas de Sion e Galio, que garantiram uma boa linha de frente com o passar do tempo de partida. O problema é que foram dois campeões que não se adequavam às habilidades de seus jogadores, e nem aos vestígios do estilo de jogo que tinham deixado.

Durante o split regular do “Circuitão”, a paiN se demonstrou um time perigoso ao escolher certas composições de escalonamento, que poderiam ganhar teamfights facilmente no mid-late game, algo que foi deixado de lado na série.

Vista a incapacidade da equipe de ler o jogo, podemos dizer que o primeiro jogo acabou definitivamente com um péssimo invade do Trundle + a falta de apoio de seu time, deixando seu caçador inútil.

É assim que um erro de comunicação, que esperamos que não aconteça novamente, pode causar a perda de um jogo e até mesmo de uma série, como foi o caso.


Agora, a paiN Gaming precisa urgentemente rever suas peças. Sabemos que coisas irão mudar. Tinowns, a base da equipe, e facilmente um midlaner de primeira linha, foi criticado por não conseguir “segurar as pontas”. Suponho, que dessa vez, ninguém seja isentado da culpa. Isso é triste para todos os fãs do CBLoL – que vê um dos melhores times de sua história se afundando sem descobrir como realmente deve jogar. Aguardemos as “novidades em breve”, esperando que junto a elas, venha o honrar de uma frase tão popular no nosso cenário:

“paiN não é modinha, paiN é tradição”.

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Main Udyr, repórter do setor de esports, economista e músico.

Main Udyr, repórter do setor de esports, economista e músico.

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