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A Vida Depois (The Fallout), crítica do filme da HBO Max
Nada será igual! Nesta quinta-feira (27) chegou ao catálogo do HBO Max o filme The Fallout, que em português ganhou o título A Vida Depois. É um filme que usa a típica história de amadurecimento e a reconta através de uma lente traumática – jovens sobreviventes a um tiroteio na escola.
Os tiros surgem do nada. Em um segundo, a estudante Vada (Jenna Ortega, recentemente vista no filme Pânico) deixou a sala de aula para atender às preocupações de sua irmã caçula, Amelia (Lumi Pollack). Em seguida, após uma curta interação, Vada e Mia (Maddie Ziegler) estão amontoadas em uma cabine de banheiro, aterrorizadas com os tiros ecoando de uma espingarda no corredor da escola. Logo após, Quinton (Niles Fitch), outro estudante aterrorizado, se junta a elas na cabine apertada com o sangue de seu irmão em sua camisa. Os três compartilham esse momento de horror.
Tiroteios em massa são uma realidade da vida americana e, apesar dos pensamentos sobre o controle de armas, é também importante para nós vermos como esses eventos afetam suas vítimas. The Fallout faz um excelente trabalho ao nos lembrar que há muito mais vítimas do que simplesmente aqueles que morreram. Somos expostos a uma realidade sombria que muitas vezes não vemos. É um assunto perturbador, mas é uma história que precisa ser contada.
A Vida Depois para Vada
Jenna Ortega tem uma atuação fantástica como Vada, que tenta enterrar suas feridas emocionais com drogas, bebida e negação. Inicialmente a protagonista sofre com pesadelos e tremores, mas não consegue falar com seus pais bem-intencionados por medo de assustá-los ainda mais. Ela é uma vítima que está determinada a fazer todos acreditarem que ela está indo bem, mas há tanta coisa escondida sob a superfície que seus pais e sua terapeuta Anna (Shailene Woodley), e até mesmo seus amigos, nunca veem. Ela está se segurando por um fio, se automedicando com drogas ilícitas e se separando emocionalmente de sua família.
O que mais vemos em tela é a relação de Vada com Mia, elas viviam em círculos sociais muito distintos antes do tiroteio. Após essa experiência de quase morte as duas se aproximam e essa relação é um dos elementos mais inteligentes do roteiro. Tudo fica muito implícito, elas não precisam conversar abertamente sobre o que aconteceu, elas apenas estão ali, uma pra outra.
Alguns relacionamentos de Vada acredito que foram pouco explorados, como o com seu melhor amigo Nick (Will Ropp). Gostaria que ele estivesse mais no filme, especialmente porque ele começa uma discussão importante ao se questionar do por que ele não morreu entre tantos, e o que deve fazer com isso. Outra subtrama envolve sua terapeuta, que faz muitas perguntas a Vada e lhe dá exercícios mentais para fazer por si mesma. Neste caso em particular, acredito que mais diálogos entre as duas acrescentaria positivamente ao longo do filme.
A verdade é que há uma qualidade natural em muitas de suas interações que dão vida à história. Seja a de Vada com sua mãe, que acaba até precisando de uma taça de vinho após a filha contar de uma única vez que usou drogas e perdeu a virgindade. Com sua irmã que se sentia culpada por fazer Vada sair da sala pouco tempo antes de começar os tiros. O pouco que vemos dela com o pai também é muito acolhedor, a cena dos dois colocando pra fora tudo o que estão sentindo em forma de gritos e palavrões.
Ninguém está bem, e mesmo assim… A vida continua
Os minutos finais do filme são um lembrete perfeito de que o trauma não é necessariamente algo que uma pessoa supera. O trauma é contínuo e silenciosamente devastador. Faz o telespectador entender o conceito de tempo como curador, embora também saiba que os gatilhos são onipresentes e a recaída está a apenas alguns quilômetros de distância.
A diretora e roteirista Megan Park criou cuidadosamente um filme que não dá nome, rosto ou história à pessoa que inflige essa dor. A carnificina de tal evento é ignorada para destacar o impacto do trauma e a recuperação dos alunos. O filme expressa como diferentes jovens lidam com a tragédia. É um retrato honesto e devastador de uma realidade que muitos adolescentes estão vivenciando hoje na América – tentando seguir em frente depois de sobreviver a um tiroteio na escola.
O filme é surpreendentemente bem afiado e feito com cuidado e profundidade. Além disso, apresenta uma trilha sonora do talentoso Finneas O’Connell (irmão de Billie Eilish). Este é um filme que é composto de todos os elementos essenciais sendo sólidos – história, direção, atuação, trilha sonora.
The Fallout ganha um 8/10 na escala do M+.
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De Game of Thrones a Grey's Anatomy, de Breaking Bad a Harry Potter. Bruna é maratonista profissional de filmes e séries, leitora feroz e aspirante a fotógrafa. Produtora de conteúdo e graduada em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi.