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O coração dos jogos: Enredo/História
Qual o objetivo de um enredo num videogame? Pra responder a essa pergunta, precisamos primeiro entender que ele não é obrigatório (vide jogos de esportes e alguns puzzle games que não possuem enredo algum e ainda assim são populares), mas sim uma forma de implementar a experiência. Um bom enredo traz o jogador pra dentro da história, enquanto um ruim faz a gente querer pular as cutscenes e diálogos o mais rápido possível. Tendo isso em vista, o enredo serve para aumentar o engajamento com o game, a identificação do jogador com os acontecimentos.
Considerado um dos precursores do enredo nos jogos, Donkey Kong (1981) trazia um macaco gigante raptando uma princesa que deveria ser resgatada pelo jogador, o Jumpman, mais conhecido como Mario. Toda criança dessa época assistia aos desenhos da Disney ou lia histórias parecidas, gerando uma identificação imediata com a proposta, apesar de simples e superficial, de salvar a princesa e/ou o amor da sua vida, mesmo que o enredo não evoluísse com suas ações. A partir daí criou-se uma necessidade de explicar o que o jogador estava fazendo, o porquê de suas ações.
Foi com a chegada dos Adventure Games e RPGs que a evolução deu um salto. Havia progressão na história, o jogador sentia que suas ações tinham consequências, mesmo que lineares. Salvar a princesa não era mais só pular barris e alcançar o topo de uma instalação, exigia visitar locações, conversar com outros personagens, melhorar seu equipamento e evoluir suas habilidades, alguns até apresentavam opções de diálogo, que poderiam te impedir de prosseguir e itens secretos caso conversasse com personagens específicos. Final Fantasy e Dragon Quest dominaram durante muito tempo as vendas, mas o que aconteceria se essas duas equipes se unissem?
Chrono Trigger (1995) chegou pra transformar o mundo dos jogos, mas em especial o enredo nos games trazendo viagens no tempo e múltiplos finais. Suas ações no passado influíam no presente e no futuro e consequentemente no final do game, podendo até mesmo permitir que um dos vilões se unissem ao time ou o mocinho terminasse o jogo morto. Conforme o enredo nos jogos evoluía, novas formas de abordar isso se tornaram necessárias.
Várias histórias excepcionais surgiram nesse meio tempo, como Final Fantasy 7 e Ocarina of Time, por exemplo, porém o enredo deu um novo passo em importância com a chegada de Mass Effect (2007). A trilogia da Bioware trazia um conceito ousado e novo para o público, suas ações moldavam a história, você podia escolher entre ser bonzinho ou um babaca (Não bom e mal) e isso fazia diferença em como seu game terminaria, como certos diálogos aconteceriam e até mesmo acontecimentos secretos com ações específicas.
Daí pra frente tivemos todo o tipo de abordagens para enredos, desde Dragon Age (2009) com seu enredo afetado pelas ações como em Mass Effect, Deus Ex Human Revolution (2011) que trazia a possibilidade de resolver seus problemas sem o uso da violência. Com exceção de momentos específicos, o jogador poderia passar o game todo sem matar ninguém, ou sequer disparar uma arma, usando-se de golpes paralisadores e suas técnicas hackers.
Alguns jogos também se destacam justamente pelo enredo ou pela forma como a história é contada:
- Dark Souls (2011) com seu enredo encontrado principalmente em descrições de itens. Os personagens não entregam toda a história, servindo apenas de guia para unir as informações escritas. Até os cenários do game demonstram o que aconteceu no passado, como pontes inceneradas por dragões ou uma praia feita das cinzas das vítimas de uma guerra.
- To The Moon (2011) com sua gameplay totalmente voltada para contar a história emocionante, apesar de seus gráficos simples de RPG Maker.
- Limbo (2010) e sua narrativa muda aliado aos gráficos minimalistas com um toque de terror, que faziam o jogador se sentir oprimido pelo cenário.
- Spec Ops: The Line (2012) um jogo de tiro comum, porém seria apenas mais um não fosse sua história primorosa, com revelações bombásticas que não posso estragar, apenas joguem!
Eu tenho uma admiração pessoal pelo enredo nos videogames, que muitas vezes me permitiu ser outra pessoa em outro mundo, me inseriu dentro de um mundo de fantasia, que com os livros e filmes eu só podia contemplar. Quantos mundo salvei, amores conquistei e vilões derrotei. De encanador a soldado interestelar, já passei por todas as profissões. Construí minha própria casa, minha cidade, minha nação. Ferramentas e técnicas não faltam para as grandes empresas e Indies contarem suas histórias. Estou ansioso para ver como os gamedesigners vão me surpreender daqui pra frente.
E você, qual história mais te marcou?
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