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Opinião: A importância da representatividade em grandes premiações

Representatividade é o que resume esse artigo. Essa semana foi motivo para muitas comemorações. Dentre elas, Beyoncé se consagrou a cantora com mais premiações no Grammy Awards. A artista conquistou ao todo 28 estatuetas.

O primeiro prêmio da noite veio com “Brown Skin Girl” (feat. Blue Ivy Carter, WizKid e Saint Jhn), como Melhor Vídeo Musical. Essa também foi a primeira vitória da filha de Beyoncé, que se tornou uma das mais jovens a receber o prêmio. A parceria com Meghan Thee Stallion, “Savage Remix“, foi a vencedora em duas categorias: Melhor Canção Rap e Melhor Performance Rap. Em seguida, foi a vez de “Black Parade” vencer Melhor Performance R&B e garantir o recorde de Beyoncé, que até então estava empatada com a cantora Alison Krauss com 27 prêmios.

Foto: Divulgação

Então, você deve estar se perguntando: em pleno 2021 por que abordar um assunto como esse?

Infelizmente, esse tipo de pauta ainda deve existir e precisa se proliferar enquanto houver racismo. E a representatividade em grandes prêmios como o Grammy e o Oscar são recentes. Exemplo disso, até 2016 o Oscar se quer se importava em trazer algumas indicações, principalmente mulheres e negras. Foi aí que em 2017, após muito protesto com a hashtag #OscarSoWhite, a premiação decidiu que iria incluir alguns indicados, seis nomes ao todo, inclusive o feito inédito de três concorrentes à estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante.

Os erros se repetem

Em 2020, o Oscar cometeu erros novamente, mostrando que as chances de uma mulher negra concorrer a um prêmio por atuação eram de apenas 0,1%. Sim, você não leu errado. Temos um problema estrutural. No ano passado, as hashtags tomaram conta de protestos de novo, com a atualização #OscarsSoWhitePart2.

Uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia em Los Angeles revelou que somente 33,5% dos papéis com falas eram de mulheres. Além disso, apenas 28,3% de pessoas não brancas, mesmo que estes grupos representem 40% da população dos EUA.

Durante o BAFTA, prêmio da Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão, o descuido novamente se repetiu, gerando críticas severas por parte de Joaquin Phoenix, ator vencedor pelo seu papel em Coringa: “Acho que mandamos uma mensagem muito clara às pessoas negras: que elas não são bem-vindas aqui. Essa é a mensagem que estamos mandando para as pessoas que contribuíram tanto para nosso meio e nossa indústria e em maneiras que nós nos beneficiamos.”

Dados que assustam

De 1929 até 2020, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas entregou 3.140 estatuetas. Contudo, apenas 44 troféus foram atribuídos para artistas negros. Isso seria menos de 2% dos prêmios entregues, segundo o Adoro Cinema. Na categoria de Melhor Diretor, por exemplo, o Oscar nunca teve um vencedor negro. Seis profissionais afro-americanos foram indicados durante a história da premiação, sendo o último Spike Lee, por Infiltrado na Klan em 2019.

Foto: Divulgação

Inspirações e representatividade

Mas o racismo em si, não é um assunto pouco abordado nas telonas. Pelo contrário, acredito que temos uma boa gama de filmes e séries que falam sobre a pauta e representatividade. Alguns que podem ser citados, e que levam esse tema bem a sério: Fruitvale Station – A Última Parada, What Happened, Miss Simone?, Corra!, Olhos Que Condenam, BlacKkKlansman, Ó paí, Ó, Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução, Dear White People, Selma, e tantos outros. Então por que o cenário de premiações insiste em oprimir?

“Nós temos que fazer o trabalho árduo de entender o racismo sistêmico,”  disse Joaquin Phoenix.

É necessário, portanto, combater de dentro para fora. Uma cultura e uma educação antirracista trazem autoestima e incentivo para os pretos, e para os brancos consciência sobre racismo e seus impactos.

Foto: Divulgação

Em 2021, Viola Davis se tornou a mulher negra com mais indicações ao Oscar. A atriz foi indicada pelo seu trabalho no filme A Voz Suprema do Blues. Além disso,  já concorreu a outras categorias: em 2008 por Dúvida, em 2011 por Histórias Cruzadas, e em 2016 por Um Limite Entre Nós, saindo vitoriosa neste último. Octavia Spencer, vencedora em 2011, por Estrelas Além do Tempo, elogiou o grande feito:

“Temos um longo caminho pela frente, mas vamos celebrar nossa irmã, que está construindo um caminho para todas as nossas irmã seguirem. Mandem amor para ela: Ser a primeira em qualquer coisa nunca é fácil“.

Ocupando espaços

Confirmaram nesta terça-feira (16) que o diretor americano Spike Lee presidirá o júri do Festival de Cinema de Cannes de 2021 se tornando o primeiro diretor negro a assumir esse papel. Vale ressaltar que outros artistas como a cineasta Ava DuVernay em 2018 e o ator Will Smith em 2017, já foram membros do júri do Cannes, mas essa definitivamente é a primeira vez que um presidente preto assume.

Sendo assim, a luta é longa. Mas a diversidade e a representatividade vem tomando outros rumos, principalmente devido os últimos acontecimentos e protestos que marcaram 2020. Não deixaremos de ocupar espaços que são nossos por direito. Não só ocupar, mas como também resistir em espaços onde a hostilidade branca é uma característica latente.

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Jornalista & Blogueira. Não foge de um bom filme, série ou um jogo da hora. Fã da Marvel e apaixonada por Tomb Raider <3

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