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The Batman – Crítica com spoilers

 No dia 3 de março, The Batman foi lançado nos cinemas brasileiros e já é um sucesso. O filme se tornou a quarta maior bilheteria da DC no Brasil, mesmo em comparação com obras lançadas antes da pandemia. Não é à toa que ganhou esse posto: a obra se distancia das representações de herói que o público está acostumado e entrega um conteúdo audiovisual de muita qualidade. 

Sinopse:

“Dois anos vigiando as ruas como o Batman acabou levando Bruce Wayne (Robert Pattinson) às sombras da cidade de Gotham. Quando um assassino tem como alvo a elite de Gotham, uma trilha de pistas enigmáticas coloca o Maior Detetive do Mundo em uma investigação sobre o submundo. Conforme as evidências começam a chegar mais perto de casa e a escala dos planos do perpetrador se torna clara, Batman deve forjar novos relacionamentos, desmascarar o culpado e fazer justiça ao abuso de poder e à corrupção que há muito tempo assola Gotham.”

A metamorfose de Pattinson: de vampiro à morcego

A maior questão discutida pelos fãs acerca do filme, certamente era sobre a escolha de quem vestiria a capa do Batman e se tornaria o vigilante de Gotham City. Entretanto, sequer foi necessário assistir ao filme para ver que a caracterização de Robert Pattinson caiu-lhe como luva. Com os trailers, já foi possível visualizar o ator como um Batman sombrio em sua personalidade, além de forte e flexível nas lutas. 

Para além das primeiras impressões visuais do Homem-Morcego, a obra completa confirmou (e até superou) as expectativas sobre o Bruce Wayne de Pattinson. Para o diretor Matt Reeves, sua escolha para o ator viver o papel se deu por conta do filme Bom Comportamento, de 2017. 

“Tem algo naquela atuação que fixou na minha mente que ele deveria ser o Batman. Porém, ele estava trabalhando em incríveis produções independentes e artísticas, por isso não fazia ideia de que ele poderia se interessar em interpretar o Batman e participar de um blockbuster”, afirmou Matt Reeves em coletiva de imprensa.

The Batman sem Bruce Wayne

Nesta versão, temos um Bruce Wayne ainda jovem e amargurado por seu passado. Ele age durante a noite e se esconde atrás de sua máscara, acompanhado de todos os seus sentimentos. O tempo de tela de Bruce desmascarado é mínimo, já que o único momento em que se sente confortável é como o vigilante de Gotham. 

Esse fato não apresenta carga negativa que desqualifique em certa escala a trama, tendo em vista que, ao longo do filme, as críticas apresentadas sobre o Bruce ser o cara rico que espanca as vítimas da sociedade, bem como a cena heroica no final com um quê de filantropia são parte da evolução do personagem, um work-in-progress. O que se espera é que, no próximo filme, Bruce explore mais sua influência econômica e política para dar suporte à população. Esse terreno está preparado para apresentar um Batman amadurecido e consciente de sua posição em Gotham. 

Outro fator que chama a atenção é a imersão e a construção de um universo muito mais próximo à nossa realidade. Esse não é o típico filme de herói onde o mocinho faz grandes marabalismos e conclui cenas de ação com pose bonita. 

The Batman – Um noir investigativo

Film noir é uma expressão francesa que representa um subgênero de filme. É muito marcado pelo clima subversivo, roteiros baseados em romances policiais, sombras dramáticas e personagens ambíguos. Essas características são marcantes em The Batman, uma decisão sábia de resgatar esse lado investigativo do personagem nas HQs. Há referências claras à obras como Se7ven – Os Sete Crimes Capitais (1995) e Zodíaco (2007), como nas cenas em que o vilão Charada (Paul Dano) transmite mensagens e enigmas ao Batman em cada assassinato. Matt Reeves já declarou outras influências durante o DC FanDome. 

“Minha ambição é fazer algo incrivelmente pessoal usando as metáforas daquele universo. Parece algo como uma visita estranha aos filmes com os quais eu cresci dos anos 70, como Klute – O Passado Condena e Chinatown. Não quero dizer que vamos conseguir algo assim. Estes filmes são obras-primas. Mas esta é a ambição”. 

O filme também conta com uma série de personagens conhecidos da história do ‘morcegão’,  como Alfred (Andy Serkins), Jim Gordon (Jeffrey Wright), a mulher-gato Selina Kyle (Zoë Kravitz), o gangster Pinguim (Collin Farrel) e o mafioso Carmine Falcone (John Turturro). Aliás, Zoë Kravitz, que deu um show como mulher gato, já tentou viver a personagem em O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), de Christopher Nolan, mas foi recusada por ser “urbana” demais. Na trama, Anne Hathaway assumiu o papel.

“Não sei se a rejeição veio diretamente de Chris Nolan, acho que veio provavelmente de um diretor de elenco, ou algum assistente… Ser uma mulher negra, atriz e ser informada naquela época que eu não era apta ao papel por causa da cor da minha pele, e a palavra ‘urbana’ sendo jogada assim, foi realmente difícil naquele momento […] Disseram que eu não poderia fazer testes para esse pequeno papel, pois estavam buscando uma atriz que não fosse ‘urbana demais’”.

The Batman

The Batman tem esquema de pirâmide?

No embate DC vs Marvel, uma característica que os diferencia muito é a linearidade. Para assistir Vingadores: Guerra Infinita (2018), por exemplo, é necessário conhecer os filmes anteriores, incluindo os de origem, pois há muitas informações, referências e easter-eggs que não são compreendidos por aqueles que não acompanham os lançamentos da Marvel.

Entretanto, essa dinâmica não é uma regra para obras cinematográficas da DC, já que a linha temporal é desregulada e os filmes não apresentam conexão clara (até então). É muito tranquilo para os “não-fãs” assistirem a maior parte da cinegrafia, como Mulher Maravilha (2017), Aquaman (2018) e Esquadrão Suicida (2016 e 2021, já que o último não se caracteriza nem como reboot, nem como sequência), pois o entendimento é completo.

Já em The Batman, não é necessário, mas interessante para o espectador ter um conhecimento prévio externo ao cinema e estar familiarizado com o universo, principalmente através da série Gotham (2014), que apresenta com maior profundidade os mafiosos fictícios de Batman Carmine Falcone, Salvatore Maroni e Oswald Cobblepot, o Pinguim, que será ainda mais desenvolvido na série spin-off da HBO Max.

 

Por fim, The Batman é um ótimo filme, que resgata o caráter investigativo das HQs e surpreende positivamente. A química entre Robert Pattinson e Zoë Kravitz é incrível, e as cenas de luta não deixam nada a desejar. Entretanto, a conclusão do antagonista Charada poderia ter sido mais elaborada. Quando ele foi preso, a sensação no momento foi de “É isso? já acabou?”. Mas foi aceitável, pois deu pra perceber que essa era a intenção do personagem, e o que espero para a continuação é a resposta e as motivações para tal atitude.

Além disso, na cena pós-crédito, um tchau-tchau direto do rataalada.com deixou os fãs intrigados. Há um enigma presente no site que já foi resolvido pelos internautas, o qual afirma: “Você acha que eu terminei, mas talvez você não saiba toda a verdade. Cada final é um novo começo. Algo está vindo”, o que confirma minhas expectativas para o próximo filme. 

A trilha sonora de Michael Giacchino em conjunto com a direção de fotografia de Greig Fraser merecem grande destaque, pois alcançaram o objetivo de tornar Gotham sombria mesmo durante o dia, uma estética perfeita para o Cavaleiro das Trevas, que afirmou nos primeiros minutos do filme: “eles pensam que eu me escondo nas sombras, mas eu sou a sombra”. (The Batman, 2022)

Portanto, The Batman é 10/10.

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Jornalista em formação, marvete de carteirinha e amante da sétima arte.

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