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Chicó e João Grillo no O Auto da Compadecida 2

O Auto da Compadecida 2 foi o presente de Natal dos brasileiros

Após 25 anos de espera, os brasileiros reencontraram Chicó e João Grillo nos cinemas com o lançamento de O Auto da Compadecida 2 no dia 25 de dezembro. Um verdadeiro presente de Natal para os fãs do filme original, uma comédia nordestina com traços de literatura de cordel, cultura popular e tradições religiosas.

O novo filme se passa exatamente 25 anos depois do primeiro e os espectadores descobrem o que aconteceu com a inseparável dupla, que o destino acabou separando no meio dessa trajetória. O reencontro deles é bem poético, inclusive visualmente. O longo hiato contribuiu para uma grande evolução do cenário audiovisual brasileiro e a aplicação de diversos novos efeitos visuais para contar a história.

As histórias fantásticas de Chicó ganharam uma nova camada lúdica com a adição de diversos efeitos especiais que causavam a sensação de estar abrindo um livro de cordel ou um título infantil para ler uma história. E a cada “Não sei, só sei que foi assim…” ao final gerava um deleite nostálgico.

Selton Mello e Matheus Nachtergaele estão de volta e reencarnaram bem os personagens. Quem estava com saudades da dupla vai sentir uma grande nostalgia revendo eles e as novas confusões em que se metem. Porém, a trama se passa um quarto de década depois do filme original e não houve evolução de personagens. Eles estão exatamente a mesma coisa. Incomoda ver como os diretores Guel Arraes e Flávia Lacerda preferiram jogar no seguro, sem trazer qualquer mudança de crescimento pessoal dos protagonistas. Seria normal e humano ver eles diferentes, mais maduros – pelo menos um pouquinho – após tantos anos. Gera um sentimento similar a Lorelai Gilmore estagnada no revival da Netflix.

Entendo que João Grillo não evoluir absolutamente nada é importante para a narrativa apresentada para o novo trambique dele, mas não foi nem mesmo um plano muito mais complexo para surpreender a audiência. Por outro lado, deu um sabor especial rever a Rosinha (Virgínia Cavendish) agora tão diferente e a explicação dela ter ido embora e o que andou fazendo desde então. Foi incrível ver como o personagem dela evoluiu e se tornou uma mulher forte, independente e moderna.

Os novos personagens foram muito interessantes e a presença de Arlindo (Eduardo Sterblitch) foi uma excelente crítica ao conglomerado de serviços complementares que grandes empresas estão oferecendo atualmente, além da manipulação das massas através do rádio.

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A trama é simples, fácil de acompanhar e o novo público consegue acompanhar bem mesmo se não tiver assistido ao primeiro filme. Mas confesso que, talvez pela longa demora para a continuação, esperava mais.

O Auto da Compadecida 2 não é ruim de modo algum. Foi um filme agradável de se ver, fácil de acompanhar, mas me pareceu jogar seguro demais em vários aspectos. Fiquei com um gostinho da mais recente trilogia de Star Wars – episódios 7, 8 e 9. Como o primeiro foi sucesso, se seguir a mesma fórmula de bolo vai dar sucesso de novo. Essa sensação foi porque o tipo de trambique, a nova morte de João Grillo e a intercessão de Maria em seu favor foram familiares até demais. Mas foi interessante ver a releitura de Jesus e do Diabo, ambos com a aparência do João Grillo para variar e trazer uma nova metáfora para a história.

Só no primeiro fim de semana, o filme registrou 1 milhão de espectadores. Não diria que é um filme imperdível nos cinemas, mas vale o ingresso se você for preparado para uma reprise.

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Produtora de conteúdo de entretenimento com mais de 5 anos de experiência na área. Estou sempre de olho no mundo em tudo que acontece nos universos de cinema, séries e games para trazer o melhor conteúdo para vocês.

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