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Entrevista: Idealizador do Rio Esports Forum, Filipe Alves fala sobre o evento e comenta sobre os e-Sports no geral

Faltando poucos dias para o Rio Esports Forum, o Multiverso+ teve a chance de conversar com um dos idealizadores do evento, Filipe Alves Rodrigues, do escritório de advocacia Lopes da Costa & Associados. Filipe é advogado especializado em esporte, professor de direito esportivo, consultor em governança e integridade esportiva.

Além de uma conversa muito produtiva, o Multiverso+ fez uma pequena entrevista com Filipe, que nos mostrou um pouco da sua visão do presente e do futuro dos esportes eletrônicos. Confira abaixo na íntegra.

Multiverso+: Filipe, qual a importância de um evento como este, que está reunindo grandes marcas, agências e profissionais que já vem atuando com esportes eletrônicos há mais de dez anos?

Filipe Alves Rodrigues: Acredito que a importância do evento esteja basicamente fundado em 3 pilares.

Destaco como o primeiro ponto a reunião de representes da iniciativa privada (ESL, Coca-Cola, DremHack, da academia nacional e internacional), e o governo (representado pelo Ministério do Esporte, secretaria Estadual de esporte e lazer e autoridade de governança olímpica).

O segundo ponto versa sobre a reflexão sobre a necessidade de reconhecimento do eSports como esporte. E os benefícios derivados disso, principalmente para os atletas de base e os clubes pequenos sem patrocinadores. É fácil dizer que não importa se é esporte ou não quando se está dentro de um clube que tem muito patrocínio, como o Flamengo, por exemplo. Mas pense na dificuldade que uma game office tem para se introduzir no sistema, sem bolsa atleta e acesso a recursos incentivados. Com o reconhecimento como esporte haverá inúmeras oportunidades ao fomento do eSports.

E um terceiro aspecto passa pela discussão mundial se o eSports vai ser uma modalidade olímpica no futuro. Possivelmente sim, eu apostaria nisso, devido ao rejuvenescimento que isso traria aos jogos olímpicos e a necessidade de engajamento das novas gerações, notadamente, a millenials e z, ou ainda todos aqueles que independente de geração tem um comportamento de consumo e cultural conectado a essas novas audiências.

Ainda neste terceiro pilar, se haverá o reconhecimento, se houver o ingresso da modalidade de eSports no COI e seus valores olímpicos, sua convergência e proteção aos ideais contidos na carta olímpica, como não violência, citado exaustivamente pelo presidente do comitê olímpico internacional, Thomas Bach, em seus últimos pronunciamentos, fazendo surgir questões muito importantes a serem debatidas, como: a sistema federativo, a representatividades e legitimidade de entidades nacionais do esporte eletrônico, acordos setoriais das desenvolvedoras reconhecendo tais entidades e apoiando suas atividades, a preocupação com o doping, a integridade esportiva, a manipulação de resultados, a disciplina competitiva e seus regulamentos de competição, que prevejam o julgamento de infrações e outras violações.

Hoje vemos as ligas norte americanas como a NBA ou NFL com mais de 50 anos de existência, como grandes espetáculos de entretenimento, atingindo grandes audiências pelo mundo. E temos agora o League of Legends, com poucos anos de vida e já disputando audiência com grandes ligas já consolidadas. Como você vê essa disputa de audiência no futuro?

Penso que a tecnologia veio para ficar. E aí ela tem o papel de criar novas formas de entretenimento, bem como de permitir um mapeamento exato dos padrões de consumo, baseado em dados, através de ferramentas como a big data. Por meio da tecnologia podemos entender os hábitos de consumo, tendências e características. Essas ligas tradicionais já entenderam isso e estão se adaptando aos seus novos públicos. Só assim vão conseguir rejuvenescer suas marcas e garantir audiências . Cito como exemplo a própria NBA, que criou um novo modelo de 17 novas franquias no eSports, denominado NBA 2k League , que se trata de um simulador de basquete, onde os jogadores terão salários de até US$ 35 mil (R$ 114 mil) ao longo de seis meses de contrato. E serão distribuídos US$ 1 milhão (R$ 3,2 milhões) em premiações, espalhados entre três torneios e uma fase final.

Outro exemplo que cito é a La Liga, que pretende ser maior que a premier League e vê o eSports como parte do seu plano de negócios para garantir essa expansão. E está no rumo certo. Foi uma grande notícia termos na Espanha a Mcdonals Virtual La Liga eSports.

Qual a importância de se investir nos eSports a longo prazo. E o que as empresas não endêmicas tem a ganhar entrando neste segmento como apoiadores, patrocinadores ou até organizadores de eventos?

Ao meu ver, isso garante a continuidade do negócio, pensando nas próximas décadas. Hoje, o millenial pode não ter recursos para adquirir um bem de uma empresa não endêmica, mas se ela criar uma identidade com ele, quando ele puder, ele vai reconhecer aquela marca como tendo valores que ele preza. Posso citar o exemplo da Mercedes Benz que fez recentemente um vídeo institucional baseado nessa premissa, de que o seu cliente no futuro é o millenial de hoje.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=X5Z4doe1x2g]

Acho que este vídeo resume o planejamento de uma marca não endêmica de garantir audiência nas próximas décadas por meio de uma comunicação que tem o eSports como estratégia.

Eu amo este vídeo! Me deu vontade de comprar a minha Mercedes (Risos).

Vemos grandes clubes como o Flamengo investindo em modalidades de eSports, mas poucos estão se consolidando. Qual seria a melhor forma para clubes tradicionais entrarem no mercado de eSports com o pé direito?

O esporte é um negócio, o eSports também. O Flamengo fez um planejamento e cuidou bem da comunicação do seu projeto, trazendo talentos, cuidando da social mídia do clube e dos seus jogadores. A Samsung não patrocinava um clube de futebol há muito tempo. Agora patrocina a equipe de eSports do Flamengo. Isso é fruto de um trabalho bem feito. O patrocinador precisa de um projeto que efetivamente engaje, ative , se comunique com novos públicos e audiências. Se os clubes fizerem isso atrairão patrocínio e muito público que atualmente está longe dos estádios. As novas gerações não frequentam estádios para assistir futebol, mas podem passar a ir para assistir seus novos ídolos do eSport. E quem sabe podem criar um laço com o clube de futebol devido ao eSports. Há diversas ferramentas que podem ajudar o clube na tomada de decisão. É aí que entra a inovação no esporte.

O Rio Esports Fórum acontece nessa sexta-feira (27) e o Multiverso+ estará presente para trazer mais novidades sobre o mercado de eSports para vocês!

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