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Nanotale | Análise | Um RPG muito diferente

Sabe, o mercado de RPGs já foi palco de muitas inovações no passado. Mas nos últimos anos ele tem se estabelecido cada vez mais, sem ter um respiro de criatividade no quesito jogabilidade, preferindo as mesmas mecânicas e estilos de jogo de sempre. Porém, esse não é o caso de Nanotale – Typing Chronicles.

Um RPG de fantasia baseado em digitação feito e publicado pela Fishing Cactus, desenvolvedora indie belga, Nanotale segue a história de Rosalinda, uma arquivista (uma espécie de bibliotecário que tem a missão de anotar tudo aquilo que vê). No seu aniversário de 18 anos, Rosalinda vai à floresta para completar sua missão de se tornar arquivista, mas acaba indo para uma região corrompida da floresta, onde encontra uma raposa ferida. É a partir daí que a história começa de verdade.

O game é um single-player com vários elementos de puzzle e exploração, com um visual charmoso e característico. Além disso, ele está todo traduzido pro português, o que dá um toque a mais de diversão pra nós (sim, tem palavras com acento pra quem está procurando uma camada a mais de dificuldade). Mas bora dar uma olhada um pouco mais à fundo em alguns aspectos do jogo.

Jogabilidade

Nanotale tem como foco principal a digitação, mas não sejam ingênuos de pensar que ele é um jogo educativo. Eu diria que a mecânica de digitação é mais um estilo de batalha do que qualquer outra coisa, pois tem relação com a profissão de Rosalinda. Por isso, o game se divide em 3 partes principais: exploração, puzzle e batalhas.

As partes de exploração são definitivamente um ponto forte do jogo, se não o mais forte. Como arquivista, para passar de nível, você deve coletar dados de plantas e animais para completar um quadro complexo da fauna e flora das três regiões do game: floresta, caverna e deserto. Ao chegar próximo de um animal ou planta e digitar a palavra que lhe é pedido, você ganha um pouco de experiência.

(Imagem: Reprodução/Murillo La Fonte)

Com mais nível, você ganha algumas habilidades especiais, além de aumentar sua quantidade de vida e mana. Este não é o único jeito de ganhar experiência no game, mas é com certeza o mais eficiente.

As partes de puzzle são um problema. Na maioria das vezes, ou os puzzles são muito fáceis ou exigem alguma habilidade que não é explicada previamente para você. Exemplo disso é no deserto, quando você ganha a habilidade raio. O raio faz crescer a restinga; plantas secas sob as quais você consegue andar. Porém, em nenhuma hora o game conta sobre essa habilidade. Você só consegue descobrir na tentativa e erro. Apesar dos puzzles serem muito baseados em tentativa e erro, nesse jogo simplesmente essas partes não se misturaram bem, o que deixa esses pedaços do game como verdadeiras chatices.

Se a parte da exploração é um “plus” e as de puzzle são a pior parte, as batalhas ficam no meio. Exceto pela batalha final, todas as batalhas são lentas e complexas. Apesar disso, em alguns momentos, é necessário dizer, essas batalhas são bem-vindas. O problema principal é que não há uma diferenciação das palavras com base na dificuldade do monstro; ou seja, mesmo que seja o monstro mais fácil de matar, ele pode ter uma palavra fácil como “vil” ou muito difícil de digitação, como “astigmatismo”. Porém, a necessidade de estratégia em batalhas para aprender magias e as batalhas de chefões são incríveis, quase em um estilo de RPG em tempo real. A quantidade de inimigos também costuma não incomodar, geralmente não sendo nem demais nem pouco

A jogabilidade é, sem dúvidas, o principal atrativo do game, e os programadores aprenderam a trabalhar bem com a questão de balancear o propósito do game com a sua dificuldade, sem deixar de fazê-lo interessante. Também acho muito interessante que não há locais para salvar o jogo, que faz salvamento automático.

Gráficos e som

A parte gráfica de Nanotale – Typing Chronicles é impressionante. O visual do game é único, especialmente pelas ilustrações colocadas no livro de Rosalinda. É interessante ver como o visual é suave, dando uma atmosfera quase que de sonho a todos os ambientes. Por exemplo, dá pra perceber que o primeiro ambiente do game é muito saturado, mas eu honestamente não acho isso um ponto negativo. Esse excesso de saturação procura ressaltar o quanto aquele lugar é alegre, e as cores se misturam de uma forma interessante.

(Imagem: Reprodução/Murillo La Fonte)

As plantas e animais, todos constituintes da fauna das regiões, têm todos um design muito criativo e convidativo, que te induz a querer conhecer mais delas e continuar explorando para descobrir mais a história por trás de seu uso pelos nativos. É um game que se atenta aos detalhes, procurando construir uma cultura rica em volta do local onde a história se passa.

Minha única crítica na parte gráfica talvez seja aos monstros, que são todos de cor azul. Isso é interessante pois cria uma identificação do que é ou não um monstro, mas ao mesmo tempo isso podia mudar entre as três regiões, que têm características tão únicas e diferentes entre si. Porém, isso talvez seja eu procurando pelo em ovo, pois o visual do game é muito atrativo, até pela angulação escolhida para observarmos o mapa.

Em comparação com o visual, o som é um ponto bem fraco nesse game. As músicas não são nem péssimas nem boas; elas apenas estão lá. Os efeitos sonoros também são, em sua maioria, dispensáveis. Justamente por isso, não digo que a parte sonora é horrível; ela é somente medíocre. Isso com certeza afeta a ambientação durante a jogatina, pois as emoções não são exaltadas e, honestamente, demora muito no decorrer da história para que a gente consiga criar uma conexão com os sentimentos de Rosalinda.

Enredo

A história do jogo é fortíssima: muito bem construída e muito bem contada, sem dar tudo no prato pro jogador. Porém, eu sempre me encontrei querendo saber mais sobre o universo daquele game e como ele funcionava.

Um pouco sobre a descrição dos personagens em Nanotale
Explicação do Vermecão, personagem dentro do universo de Nanotale (Imagem: Reprodução/Murillo La Fonte)

 

Durante todo o jogo, acompanhamos Rosalinda e a sua relação com a história do “Barão Negro”, que tinha um filho terrivelmente doente. Apesar de não serem explicitados todos os detalhes do que ele fez, ou mesmo sobre a formação do universo, a quantidade de informações dadas dão margem para um amplo campo de interpretações e  teorias. Mas isso de forma alguma significa que o enredo é ruim.

O único problema do enredo é a forma de condução da história. Enquanto algumas partes, como a inicial, são terrivelmente longas e chatas, a última parte é incrível, apesar de curta e rápida. Talvez se os espaços da história fossem demarcados de uma forma melhor, o jogo seria uma jornada agradável do início ao fim, como foi depois do comecinho do jogo, que é tedioso e até um pouco sem graça.

Conclusão sobre Nanotale

Nanotale com certeza tem uma proposta bastante arrojada, apesar de ser um jogo com muita coisa pra melhorar. Mesmo assim, é uma bomba de pontos positivos: gráficos radiantes, jogabilidade única e uma história digna de menção; porém, é notavelmente um game com muito chão pela frente.

A beleza dos cenários de Nanotale
Olha esse visual, gente! Como não elogiar? (Imagem: Reprodução/Murillo La Fonte)

De qualquer forma, é preciso ser ressaltado que a experiência com certeza vale. Eu tenho certeza que depois de jogar Nanotale, a minha digitação ficou mais rápida e melhor, pois percebo enquanto escrevo que tive de me corrigir bem menos que o usual, e também cheguei até aqui um pouco mais rápido que o habitual. 

Por isso, se você gosta de jogos de fantasia bem diferentes e tá procurando uma aventura divertida e mágica, esse game é pra você. Recomendo Nanotale principalmente se você está procurando um jogo para manter sua atenção, pois se você desviar o seu olho do teclado por um segundo, pode acabar morrendo.

 

Enredo: 8/10

Gráficos: 9.5/10

Jogabilidade: 7.5/10

Som: 5/10

 

Nota Final: 7.5/10

 

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Comentários

Sempre me chamam por Muri! Sou fanático por jogos de RPG e de ritmo. Também tenho fascínio animações e quadrinhos japoneses (animes e mangás), bem como pelo cenário musical nipônico. Atualmente estudo Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.

Sempre me chamam por Muri! Sou fanático por jogos de RPG e de ritmo. Também tenho fascínio animações e quadrinhos japoneses (animes e mangás), bem como pelo cenário musical nipônico. Atualmente estudo Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.

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