O Esquema Fenício traz espionagem, humor ácido e grande elenco, enquanto eleva ao máximo a tradicional visão estilizada do diretor
Pecadores: Mais do que um filme, uma experiência espiritual
Um dos filmes mais aguardados da primeira metade de 2025, Pecadores é um lançamento que traz uma premissa original e incrivelmente envolvente para os fãs de terror e suspense. A mais nova produção de Ryan Coogler, diretor de Pantera Negra e do primeiro Creed, mescla elementos históricos, sobre a vida e cultura dos negros nos Estados Unidos dos anos 1930, e o fantástico, com a presença de vampiros sanguinários, para nos entregar uma obra profundamente mágica.
O diretor nos alimenta com uma aula de construção de personagens, com a apresentação do protagonista Sammie (Miles Caton), um jovem com o sonho de ser um grande tocador de blues, e seus primos: os gêmeos criminosos Fumaça e Fuligem, ambos interpretados por Michael B. Jordan. Aproveitando ao máximo o carisma dos atores e o excelente roteiro, o filme apresenta as motivações e personalidade de cada um em poucos minutos, o que vai criar a importante ligação entre o espectador e universo apresentado em tela, que vai ser extremamente importante ao longo de todo o filme.
E por falar em relacionamentos, as personagens femininas também são muito bem retratadas aqui, com um elenco bastante rico. Mary (Hailee Steinfeld) ama Fuligem, mas não é reduzida a isso, tendo um papel importante no andamento do roteiro, enquanto Pearline (Jayme Lawson) encanta desde a sua primeira aparição e Annie (Wunmi Mosaku) quebra os estereótipos de personagem que eram impostos a mulheres com a sua fisionomia, sendo uma “bruxa” que os outros personagens confiam e seguem sua orientação.
O foco nas relações entre personagens guia Pecadores a todo momento, especialmente em seus dois terços iniciais, que constroi tudo o que vamos ver ser envolvido pela fantasia a partir de uma das cenas musicais mais mágicas que já vi em um filme: o grande momento do “Pastorzinho” Sammy. Estreando como ator neste filme, Miles Caton brilha e nos apresenta um blues que nos leva para uma experiência espiritual que mescla passado e futuro da cultura negra em uma montagem belíssima.
Esta não é a única grande cena musical do filme, mas é a que motiva e resume tudo de bom e de ruim que aconteceu até ali e vai acontecer após a chegada de Remmick (Jack O’Connell). O vampiro irlandês traz tons de horror, humor e uma presença bastante marcante em todas as suas cenas, mesclando a constante ameaça do antagonista com a nossa vontade de ver e ouvir o que ele tem a dizer.
Com tudo isso, Pecadores nos apresenta um universo crível a partir da ótica do surrealismo negro de Ryan Coogler, que deixa claro que nem mesmo vampiros e elementos fantásticos são tão inacreditáveis quanto a forma que o seu povo foi tratado pelos Estados Unidos (algo que conversa também com o histórico do Brasil). Se eu precisasse resumir rapidamente o que é Pecadores, diria que ele tem elementos de Um Drink no Inferno (1996) e Encruzilhada (1986), mas a obra é muito mais complexa e profunda que estas, com uma mensagem sobre ancestralidade, cultura e racismo que enriquece os elementos históricos e fantásticos, além de serem extremamente relevantes para os tempos atuais.
Sinopse de Pecadores:
“Tentando deixar suas vidas problemáticas para trás, dois irmãos gêmeos retornam à sua cidade natal para recomeçar, apenas para descobrir que um mal ainda maior está esperando para recebê-los de volta.”
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Pecadores é uma produção da Proximity Media, em parceria da Warner Bros. Pictures. Confira o trailer oficial do filme:
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Nascido em 98 na pequena Pindamonhangaba, sou um cara comum que curte falar de filmes bons, música e o que mais eu estiver gostando no momento.
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