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Imagem mostrando a influência dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki nos animes.

Hiroshima e Nagasaki e a conexão com o mundo Geek

Eventos cataclísmicos no fim da Segunda Guerra Mundial desencadearam grandes mudanças na cultura pop do mundo

Imagem mostrando a influência dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki nos animes.
Imagem retirada da abertura de Paranoia Agent, fazendo referência direta aos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki

Exatos 75 anos atrás, estavam sendo lançadas, nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, as primeiras – e únicas, até o momento – bombas atômicas utilizadas em guerra. Após o evento, o mundo passou por uma mudança: o otimismo em relação ao progresso científico, conhecido como cientificismo, bem como a verdadeira natureza das filosofias positivistas passaram a ser questionadas. Afinal, se eram tão benéficas ao homem, como a ciência poderia ter assassinado cruelmente tantos inocentes?

Os bombardeios marcaram a rendição japonesa, bem como a intervenção do General Douglas MacArthur no arquipélago. Até hoje, o evento obtém o posto de um dos mais importantes eventos da humanidade, sendo essencial para o avanço em diversos ramos da política internacional, como a concepção dos Direitos Humanos. Além disso, tais eventos desencadearam uma onda de novas obras de ficção, e mesmo atualmente exerce influência na maneira como se produz conteúdo Geek. Mas a importância desse evento é assim tão grande?

Bombas Nucleares e a Ficção Científica

Imagem necessária para remeter à figura popular do Godzilla
Pôster do primeiro filme de Godzilla (1954). Fonte: Wikipedia

Anteriormente aos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, o caráter das obras de ficção científica já era bem marcado pelo pessimismo e pela crítica. Obras como Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, e Frankenstein, da escritora Mary Shelley, já concebiam críticas ao culto ao progresso. Porém, desde àquela época, os escritores de ficção eram vistos como meros sonhadores, com progressos que nunca iriam se realizar verdadeiramente.

A partir de 6 de agosto de 1945, tudo mudou. A população teve consciência – ao menos, em relação a antes – de que as obras de ficção científica tinham um teor crítico velado, colocado de pano de fundo como algo “escondido” pelas camadas fantásticas. Isso ajudou a destacar obras de grande sucesso, como o famoso Godzilla, produzido no Japão, e acompanha a destruição causada por um lagarto que absorveu a radiação das bombas atômicas lançadas em solo nipônico. Nos Estados Unidos, outro grande exemplo é a franquia de filmes Mad Max, que descreve um mundo pós-apocalíptico depois de bombas atômicas.

Bombas Nucleares e a Fantasia

Imagem procurando relacionar os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki à cultura pop japonesa
Cena de uma explosão no filme Akira (1988)

Pelo conceito que hoje conhecemos como “sociedade de risco”, cunhado por Ulrich Beck, várias obras foram influenciadas pela destruição dos bombardeios. Os japoneses, traumatizados pelos efeitos das bombas, apresentaram diversas obras fantásticas falando sobre o risco iminente de destruição do Japão. Tal visão é totalmente contrária da visão anterior à 1945, que colocava o país como uma terra privilegiada, concebida pelos deuses. Se não bastasse isso, o Acidente de Fukushima, em 2011, criou outra onda de pessoas temerosas pelo futuro do arquipélago,

Mais recentemente, uma obra que chamou atenção por tratar do assunto foi 2020 – Japão Submerso, financiado pela própria Netflix, e que traz essa noção de risco iminente. Apesar de não tratar claramente sobre acidentes nucleares, essa animação traz uma visão moderna da Terra do Sol Nascente como um país ameaçado por desastres. Porém, outros exemplos podem ser citados. Akira, de 1988, por exemplo, desde os primeiros minutos trata sobre a possibilidade de um novo bombardeio no país e o estado anárquico pelo qual passariam os nipônicos caso isso ocorresse.

Bombas Nucleares e sua influência nos games

Cena mostra uma explosão em cogumelo, retirada de um game
Cena retirada de Fallout 4

Apesar de ter sido palco do evento desencadeado pelas bombas, os jogos japoneses dificilmente tratam sobre a questão. A maioria dos videogames influenciados por essa questão foram produzidos em solo estadunidense, e geralmente utilizam o elemento das armas nucleares para descrever um mundo pós-apocalíptico. Alguns jogos históricos, principalmente os que se passam durante a Segunda Guerra Mundial, tratam o problema de forma mais séria, olhando com preocupação, respeito, ou memória.

Recentemente, um jogo que utiliza esses elementos também voltou a receber atenção. Homestuck, lançado em 2009, finca bases num cenário apocalíptico do medo de bombardeios nucleares. Outro exemplo é a franquia Fallout, que trata recorrentemente da visão de um mundo após o lançamento massivo desse tipo de armamento.

A importância deste evento?

É inquestionável o quão importante é relembrar essa data. Nunca devemos esquecer seu legado, seja para a comunidade Geek ou não. É por isso que todo ano, no dia 6 de agosto, a memória do bombardeio é preservada e deve continuar sendo. Afinal, não podemos deixar que outro evento assim aconteça, e devemos sempre nos conscientizar o porque disso – seja por meio da sátira ou pelo estudo sério.

Para se ter uma ideia, até o desenho Bob Esponja, da Nickelodeon, é influenciado pelos eventos cataclísmicos desencadeados pelas bombas Little Boy e Fat Man. Isto é, a Fenda do Biquíni, onde se passa a animação, faz referência ao Atol de Biquíni, onde diversos testes nucleares foram feitos. Quem não entender a importância de Hiroshima e Nagasaki, seja na cultura pop para todo o mundo, vai acabar se perdendo, pois o mundo nunca mais foi o mesmo depois daquele dia, às 8:15 da manhã.

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Comentários

Sempre me chamam por Muri! Sou fanático por jogos de RPG e de ritmo. Também tenho fascínio animações e quadrinhos japoneses (animes e mangás), bem como pelo cenário musical nipônico. Atualmente estudo Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.

Sempre me chamam por Muri! Sou fanático por jogos de RPG e de ritmo. Também tenho fascínio animações e quadrinhos japoneses (animes e mangás), bem como pelo cenário musical nipônico. Atualmente estudo Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.

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