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Imagem mostrando o anúncio da vinda da Steam China, com representantes da Perfect World e da Valve em um palco com um telão que contém a logo das duas empresas

Steam China, o “trunfo” do governo chinês | ARTIGO

Dois dias atrás, no dia 04 de fevereiro, o conhecido site de notícias PC Gamer postou uma notícia comentando sobre o lançamento da plataforma Steam China. Essa plataforma chegará ao mercado chinês daqui a três dias, mas virá acompanhada de jogos de grande público no país, entre eles Dota 2 e Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO).

Porém, uma grande questão vêm rondando a cabeça dos desenvolvedores de games chineses e o próprio público de fora que observa esse anúncio. Afinal, não é como se a China já não tivesse a presença da Steam Internacional em seu território. Inclusive, muitos se perguntavam como o governo chinês aprovava a presença da plataforma dentro do país; afinal, lá as coisas são conhecidas pela burocracia.

A justificativa oficial para criar a Steam China

Com a ideia de criar uma plataforma apenas com jogos aprovados pelo Estado, a Steam China apresentaria jogos que poderíamos considerar como aqueles jogos “safe”. Pois como já sabemos, uma coisa que o governo de Pequim se importa é para a moral de sua população, e essa seria sua principal justificativa; a Steam China seria um hub onde se encontram os principais games de Esports, como os já citados Dota 2 e CS:GO, além de possibilitar o controle de tempo que alguns usuários poderiam despender em cada jogo.

Mas uma coisa não faz sentido. Afinal, porquê juntar esses games em uma plataforma à parte da Steam Internacional? Se a ideia realmente fosse tirar a minoria dos jogos de alcance dos chineses, o governo bloquearia esses jogos em específico. Na verdade, o que fica claro é que a China quer fazer o oposto: permitir alguns e bloquear o resto, o que teria efeitos catastróficos. Até porquê, a indústria chinesa de games é hoje tão grande que a decisão do governo não afeta apenas a população.

O quanto a China é importante pra nós?

Todo ano publica-se centenas de jogos independentes por estúdios da China na Steam. Eles também são o segundo maior público gamer do mundo (atrás apenas dos Estados Unidos).

Assim, o efeito imediato dessas ações seria a drástica redução de público em games que não pudessem ter aprovação do governo de Pequim. Isso acabaria por gerar uma receita que com certeza seria menor para a indústria como um todo (Ou seja, não apenas na China).

Além disso, como os jogos indie necessitariam de aprovação do governo chinês para lançarem, algumas empresas poderiam não aguentar o prazo de aprovação (estimado pelo governo de ser entre 12 e 24 meses). Por isso, outro efeito imediato seria a falência de diversas dessas empresas. Como disse um publisher anônimo à matéria da PC Gamer, seria loucura passar “anos desenvolvendo um game para deixar ele parado num gabinete do governo por 18 meses”.

Qual pode ser a intenção do governo chinês?

Como uma das maiores indústrias do país, tomar controle das empresas de games na China acaba se tornando até uma estratégia política. Como atualmente o mercado é muito disperso, com diversos estúdios pequenos tendo a possibilidade de lançar jogos pela Steam, é difícil ter controle do dinheiro que circula com os games.

Além disso, a China é mundialmente famosa por querer e conseguir tomar controle de todos os ramos da sua economia. Portanto, devemos olhar criticamente para o lançamento da Steam China na semana que vem, pois teremos alguns efeitos à longo prazo. Primeiro, podemos esperar uma concentração de capital em grandes estúdios chineses (como a Tencent, controlada pelo governo do país). Também podemos esperar uma mudança de imagem que temos quando pensamos em jogos da China; há uma associação muito forte à produção chinesa de games com jogos de apelo sensual (hentai) ou violentos demais.

E que imagem a China passa para o mundo?

Porém, mesmo que o governo de Xi Jinping esteja tentando fazer um maior controle interno sobre o público gamer e, ao mesmo tempo, esteja tentando impor uma imagem mais higienista da China, o forte corretismo moral que está sendo aplicado, em conjunto com a censura e a intervenção estatal, apenas indicam que partido único que controla o governo não está passando por uma mudança. Pelo contrário, a estratégia usada pelo Estado chinês mostra a estagnação do país em um passado moral; passado que a gente já estava acostumado a ver os noticiários.

Apesar de a Steam Internacional e Steam China, ao menos inicialmente, irem existindo juntas, com certeza chegará o momento que a estratégia do governo fará com que a Steam Internacional deixe de ser rentável no país, e seja melhor manter apenas a Steam China. Quando chegar nesse ponto, será tarde demais para conter os prejuízos no mundo todo, especialmente por lá.

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Sempre me chamam por Muri! Sou fanático por jogos de RPG e de ritmo. Também tenho fascínio animações e quadrinhos japoneses (animes e mangás), bem como pelo cenário musical nipônico. Atualmente estudo Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.

Sempre me chamam por Muri! Sou fanático por jogos de RPG e de ritmo. Também tenho fascínio animações e quadrinhos japoneses (animes e mangás), bem como pelo cenário musical nipônico. Atualmente estudo Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.

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