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A Long Vacation: um álbum que fez história 40 anos atrás
Imagine a si mesmo no seguinte cenário: você está de férias no Havaí, aproveitando uma bebida tropical feita com frutas locais. Enquanto você bebe, dá pra aproveitar uma bela vista do mar contrastando com os prédios de Honolulu; tudo isso do seu hotel beira-mar. Essa é a imagem que Eiichi Ohtaki quis criar com A Long Vacation que comemora, hoje, 21 de março, seus 40 anos.
Para comemorá-los, a Sony Music Japan decidiu fazer grandes lançamentos: primeiro, anunciou a venda de uma nova versão do álbum que custa a bagatela de 253 dólares, e depois decidiu colocar o álbum no Spotify. Então, isso significa que se você quiser ouvir imediatamente (ao invés de comprar a versão de mais de mil reais), já é possível.
Mas você conhece a importância desse álbum? Ou quem sabe talvez se interessou depois de tê-lo ouvido?
Contexto de lançamento de A Long Vacation
Na década de 1980, o Japão vivia uma época de grande crescimento econômico, quando o país passou a ocupar a segunda posição entre as maiores economias do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Contudo, diferente dos norte-americanos, que viviam um momento de crise e desemprego no governo de Ronald Reagan, os japoneses estavam em um momento de otimismo e oportunidades fartas para o público geral.
Esse otimismo se refletiu na popularização de um ritmo de música que começou a existir em meados da década de 1970: o City Pop. Apesar dessa popularização já ser tendência desde o fim da década passada, foi em 1981 que isso se tornou mais claro. Assim, A Long Vacation se tornou a obra mais importante na carreira de Eiichi Ohtaki, lhe consagrando entre os artistas mais bem sucedidos na história do Japão.
A gravação chegou a vender mais de 1 milhão de cópias, especialmente por causa do som polido e rico promovido por Eiichi. Além da clara inspiração nos Beach Boys, o artista trouxe sua própria interpretação do que seria a sensação de estar surfando em uma praia do Havaí, introduzindo um som característico com forte uso de reverb aliado ao uso gentil de sintetizadores. Além disso, os vocais são muito similares à forma de cantar dos artistas de rock de surf dos anos 60.
Eiichi Ohtaki antes de A Long Vacation
Eiichi Ohtaki já era uma grande figura na música pop do Japão antes mesmo de A Long Vacation. No início dos anos 70, junto com Haruomi Hosono, Shigeru Suzuki e Takashi Matsumoto, Eiichi formou a banda Happy End, que revolucionou o cenário musical do país.
A banda foi a primeira banda à cantar rock com letras originais completamente em japonês, o que foi impressionante na época já que grande parte das bandas ou faziam traduções de letras dos Beatles ou cantavam em inglês.
Depois do fim da banda em 1973, o cantor decidiu incorporar seu lado de produtor musical e fundou a modesta (porém ambiciosa) gravadora Niagara. Assim, ele buscava promover a liberdade criativa dos artistas que nela integrassem.
A Niagara foi a primeira gravadora independente de grandes empresas no Japão, e ajudou a descobrir artistas que depois se consagrariam entre os grandes nomes do Japão, como Tatsuro Yamashita e Taeko Ohnuki, que junto com outros artistas formavam a rebelde banda Sugar Babe, e Ginji Ito.
Legado cultural de Eiichi Ohtaki
Além desse seu lado produtor musical, Eiichi produziu diversos discos na década de 70, mas foi sem dúvidas na década de 80 que sua carreira explodiu e ele se tornou conhecido pelo grande público. Mesmo hoje, A Long Vacation é um ícone tão grande que possui até um apelido: Rongubake (ロングバケ), uma abreviação do nome do álbum.
Suas músicas, também, são utilizadas constantemente em produtos da cultura japonesa, como a animação Kakushigoto, que teve como tema de encerramento a primeira música da gravação, Kimi wa Tennenshoku (君は天然色). A importância também se dá como marco, já que A Long Vacation foi um dos primeiros álbuns a ser lançado em CD, ainda em 1981.
Apesar de Eiichi Ohtaki ter falecido em 2013, seu legado é inegável em sua importância. Seja como voz expoente do City Pop e do rock ou como ilustre produtor musical, sua memória continua viva.
A Long Vacation é um exemplo vivo de como era a vida na década de 1980 no Japão. Por isso deve ser estudo até mesmo como um pedaço da história do país e (quem sabe) até da história musical mundial.
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Sempre me chamam por Muri! Sou fanático por jogos de RPG e de ritmo. Também tenho fascínio animações e quadrinhos japoneses (animes e mangás), bem como pelo cenário musical nipônico. Atualmente estudo Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.