skip to Main Content

Os Eternos – Crítica com Spoilers

E sim! Temos mais um filme do MCU! E um filme importantíssimo para a nova história que a Marvel pretende contar: Eternos!

A criação de Jack Kirby ganha finalmente vida no Universo Cinematográfico da Marvel, e com um longa repleto de emoções, ação e um elenco de excelência.

Os primeiros habitantes do universo foram os Celestiais

Os Celestiais criaram estrelas, mundos e galáxias. E com isso a vida também.

Porém, uma espécie apareceu para ameaçar a vida: os Deviantes.

Para proteger a vida, os Celestiais criaram poderosos guerreiros.

Eles criaram os…

ETERNOS.

Beleza. Mas quem são os Eternos afinal?

É completamente compreensível que você, caro leitor(a), não saiba quem são os Eternos. Apesar de ser a criação de um dos maiores nomes dos quadrinhos estadunidenses, os Eternos nunca foram personagens muito conhecidos do grande público.

Criados em 1976 pelo genial Jack Kirby, Os Eternos foi uma tentativa do escritor e desenhista de explorar mais e melhor o núcleo espacial da Casa das Ideias, a Marvel. A idéia dos Eternos é de que são personagens relacionados com personagens históricos ou míticos da Terra, e que foram sendo interpretados como divindades por povos diferentes.

Mas, na verdade, eles são uma espécie engenhada pela raça mais antiga do universo, os Celestiais para serem os protetores da vida senciente contra os Deviantes, que é uma raça de seres predatórios, que caçam a vida sem freios.

Isso é basicamente os Eternos. O grupo que vemos no filme, e que geralmente as HQs acompanham são dos Eternos da Terra, pois a raça dos Eternos está espalhada por diversos mundos onde existe a vida senciente. O grupo do filme é formado por Ikaris (Richard Madden), Sersi (Gemma Chan), Ajak (Salma Hayek), Thena (Angelina Jolie), Gilgamesh (Ma Dong-seok), Kingo (Kumail Nanjiani), Druig (Barry Keoghan), Duende (Lia McHugh), Makkari (Lauren Ridloff) e Phastos (Brian Tyree Henry).

Da esquerda para a direita: Kingo, Makkari, Gilgamesh, Thena, Ikaris, Ajak, Sersi, Duende, Phastos e Druig. Foto: Divulgação/ Marvel Studios

Entendi. E como os Eternos se encaixam no MCU.

Bem, caro leitor(a), de TODOS os filmes do MCU, encaixar esses novos personagens é o trabalho mais fácil que tem: eles sempre estiverem na Terra.

Mas, então porq…

Porque eles não interferiram? Essa é uma das perguntas que o público mais fez desde os primeiros trailers do filme. Inclusive é uma pergunta feita no filme, é faz completo sentido quando sabemos qual é o plot final.

A tarefa dos Eternos, mais especificamente na sua versão do MCU, é defender a vida senciente dos Deviantes. Ponto. É apenas com isso que eles devem interferir. Guerras travadas pela humanidade contra si mesma, ou forças externas, se não envolve Deviantes, eles não interferem.

Uma excelente explicação é dada pela Sersi, logo no início do filme. Quando perguntada por seu namorado humano, Dane Whitman (Kit Harrington), ela explica que se os Eternos tivessem interferido em tudo na história humana, a própria humanidade ficaria dependente da presença deles, e por isso jamais alcançariam o potencial máximo que são capazes.

É uma resposta suficiente para, por exemplo, não terem ajudado contra o Thanos? Talvez não. Porém, é completamente coerente com o que o filme da Chloé Zhao quer nos contar. Inclusive, diga-se de passagem, esse longa talvez também seja o filme mais autoral (até onde isso é possível dentro do MCU/Disney) do MCU até agora.

Então, ele não faz muito sentido com o restante do MCU?

Não. Pelo contrário. Por usar da justificativa de os personagens se ausentarem por diferentes motivos da história humana, e também pelas belíssimas cenas em que somos apresentados ao o que Os Eternos são capazes de fazer, eles conseguem se encaixar de uma maneira até natural no MCU. Se essa maneira agrada ou não, já é uma questão de gosto mesmo.

Eternos tem sua trama construída em uma narrativa que conta sobre personagens com mais de 7000 anos, sem fazer as informações serem gratuitas, e nem cansativa. A trama se passa no período pós Ultimato (não específica o quanto tempo depois), e o problema inicial são dois: O ressurgimento dos Deviantes, que os Eternos acreditavam ter extinguido a quase 5 séculos antes dos eventos do filme, e a iminente vinda de um evento chamado de O Despertar.

Para solucionar esses problemas, Ikaris, Duende e Sersi saem pelo mundo para tentar reunir os seus amigos Eternos, para juntos poderem resolver o problema Deviante mais uma vez, porém logo no início eles topam com uma tragédia: a líder dos Eternos da Terra, Ajak, foi morta, e tudo indica que os Deviantes estão mais fortes do que antes.

E aí que o filme começa a brilhar. O método de apresentação de cada personagem, em momentos diferentes da história humana não é forçado ou cansativo, o continuísmo do trânsito de cenas no passado distante da humanidade com o momento atual é muito bem feito, e principalmente são momentos de exposição dos personagens extremamente ricos, sem serem obrigatoriamente óbvios.

Eternos traz para o MCU um filme que se constrói também por momentos de sutileza, e não apenas pelo o que a tão falada fórmula Marvel tanto vendeu para o público durante esses mais de 10 anos.

O relacionamento entre Ikaris e Sersi é um dos pontos mais importantes da trama do filme, e foi feito com perfeição, sem ser clichê. Foto: Divulgação/ Marvel Studios

Maneiro, então quer dizer que não tem piadas?

Infelizmente, é o contrário. E isso não é uma critica ranzinza.

O filme tem momentos de piada, mas que por estarem lá destoam tanto do tom e do teor que a trama de Eternos está mostrando, que no fim fica claro que as cenas de humor foram uma exigência dos produtores, e não uma escolha da diretora.

Eternos é um filme que aumenta a escala das ameaças e dos heróis a um nível que pouco personagens na Marvel estão. Não é errado dizer que personagens como Thor ou Capitã Marvel seriam só mais um dentro do grupo dos Eternos. Todos eles são incrivelmente poderosos, e a responsabilidade que eles carregam, e também o peso da falha deles, é muito grande.

E de bom? O que tem de bom em Eternos?

De bom, caro leitor(a), temos muita, muita coisa.

Começando na parte técnica, esse filme é uma primazia em efeitos visuais, sonoros, figurino, fotografia (nesse quesito, o filme é brilhante), maquiagem, edição, continuísmo, enfim, tecnicamente Eternos é um filme de peso mesmo dentro dos filmes do MCU.

Já quanto ao roteiro, talvez esse seja um dos filmes mais interessante de se ver. A história é envolvente, faz com que o espectador se afeiçoe aos personagens, mesmo aqueles que aparecem pouco, e unido as atuações que foram entregues, é até triste que o filme acaba.

Esse é um dos melhores filmes de apresentação de uma equipe que primeiro: não é pequena, são 10 personagens, com tempo de tela para todos, e com uma excelente construção das personalidades e motivações de cada um, e isso é importante de se ressaltar. E segundo: os 10 personagens são completamente diferentes entre si. Cada um é único, com personalidades próprias, e a forma como eles interagem é o ponto mais forte desse longametragem.

E o plot do filme é incrível. O plot inicial da ameaça Deviante e o Despertar não são inverdades, mas não são a única e verdadeira ameaça para o nosso grupo de heróis. O verdadeiro vilão é um deles: o principal combatente do grupo, o eterno Ikaris.

O personagem Ikaris teve uma interpretação fenomenal nas mãos de Richard Madden. Foto: Divulgação/ Marvel Studios.

O QUÊ!

SIM! Um dos eternos de maior destaque (tanto nas HQs, quanto no filme) é o grande vilão do longa, e mesmo com tal papel, ainda é difícil de julgar o Ikaris como mau. Aliás, se tem uma coisa que Eternos não tem é um personagem mau. Mesmo o Rok, líder dos Deviantes, é compreensível o porquê dele ser a ameaça, o que é explicado na metade para o final do longa.

O Celestial Arishem, descrito no filme como o mais antigo deles, é o criador tanto de Deviantes quanto Eternos, e por um bom motivo: sempre que Arishem, ou outro Celestial, cria um mundo preparado para ter vida senciente, é posto dentro do planeta a semente de um Celestial. Com o desenvolvimento da espécie, a população cresce até um ponto em que a força vital de todo o ecossistema e vida senciente do planeta com a semente consegue alimentar a vida para o surgimento para um novo Celestial, porém com uma consequência: no momento de nascimento do novo Celestial, o planeta de onde ele surge é rachado em pedaços. Os Deviantes foram criados para extinguir os grandes predadores, como os dinossauros no caso da Terra, mas depois de cumprir sua missão, eles começaram a atacar as espécies sencientes. E por isso, Arishem também cria os Eternos, com mais inteligência e moral que os Deviantes, eles saberiam conter a ameaça, e ainda ajudar as espécies a se desenvolver.

Com isso, na parte final do filme somos apresentados o fato de que dois Eternos, Ajak e Ikaris, sempre souberam disso, sempre entenderam que a verdadeira missão deles era garantir que a população humana crescesse até o ponto em que a quantidade de vida no planeta daria início ao despertar de Tiamut, o Celestial adormecendo dentro da Terra.

Ajak avisa Ikaris que o momento está chegando, mas ela diz que quer unir o grupo para tentar impedir ou talvez atrasar a ascensão de Tiamut. E aí que vem a grande virada do personagem Ikaris: mantendo sua lealdade ao plano de Arishem, e defendendo que atrasar ou impedir o nascimento de um novo Celestial, era também impedir o surgimento de dezenas ou centenas de mundos com vida, ele mata Ajak jogando-a no meio de um grupo de Deviantes, e durante todo o filme ele só estava tentando distrair os seus amigos, para que fosse impossível impedir Tiamut de ascender.

Caramba…

Sim. E esse plot, que é complexo, que levanta muitas discussões tanto entre os personagens quanto para quem está vendo o filme é magistralmente bem conduzido por Chloé Zhao, e a conclusão do filme é ao mesmo tempo feliz, afinal os heróis salvam a Terra, mas também triste, pois o processo para isso custou a vida de mais de um amigo com quem eles conviviam a milênios.

O drama, o peso dos momentos de morte e despedida são impressionantes, e o gancho que o filme deixa para o futuro do MCU é no mínimo animador.

Apesar de não aparecer tanto quanto Ikaris Sersi e Duende, a feroz Thena é um dos personagens mais cativantes do filme. Foto: Divulgação/ Marvel Studios.

E então?

E então que Eternos é um filme que entrega um resultado muito positivo, e que graças ao elenco de peso, e da diretora excepcional, consegue sair da fórmula padrão do MCU, sem deixar de estar no MCU.

De fato, a presença do humor é totalmente desnecessário, e isso puxa o filme para baixo em determinados momentos. Por uma questão de necessidade narrativa, Eternos foca mais em alguns personagens do que em outros, sendo os principais Sersi, Ikaris e Duende. Mas a disposição de tempo de tela não é algo que acaba diminuindo os outros personagens. No fim, é fácil de entender que todos os Eternos são igualmente importante e igualmente poderosos.

Com tudo isso dito, é justo dar uma nota de 8,5/10 na escala de qualidade do Multiverso+. É um filme muito bom, que tenta e consegue ser diferente do restante dos filme da Marvel, e que é muito representativo sem ser forçado. Tudo é passado de uma maneira muito respeitosa e natural, como deve ser.

E você? O que achou de Eternos? Escreva nos comentários sua opinião, e para mais notícias sobre cinema e séries, siga o Multiverso+ nas redes sociais.

Facebook

Instagram

Twitter

 

Um menino chamado Natal, da Netflix, ganha trailer

Clifford – O Gigante Cão Vermelho estreia em dezembro

Branca de Neve: Gal Gadot se junta ao elenco

Comentários

Um historiador por profissão, que ama cinema e televisão e escreve por diversão.

Back To Top