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Rebelde Netflix, Crítica com Spoilers
A nova geração de Rebelde estreou no catálogo da Netflix nessa última quarta-feira, 05 de janeiro. A primeira temporada da série mexicana conta com oito episódios. O ponto de partida da telenovela continuou na série: jovens de classes sociais diferentes que se juntam em uma escola de elite. A música é o que une esses jovens distintos.
RBD realmente deixou seu legado no Elite Way School, ou melhor EWS. No reboot de Rebelde da Netflix o sucesso musical foi tanto que se tornou um Programa de Excelência Musical — Musical Excellence Program (MEP) que têm em seu currículo o principal evento do semestre, a Batalha das Bandas. Jovens de diversos países estudam no EWS justamente por conta desse diferencial.
Rebelde Netflix conta com oito atores principais, dois sendo veteranos do colégio, Emília, interpretada pela brasileira Giovanna Grigio e Sebas (Alexandro Puente) e seis calouros: Jana Cohen (Azul Guaita), Esteban (Sergio Mayer Mori), MJ (Andrea Chaparro), Dixon (Jerónimo Cantillo), Andi (Lizeth Selene) e Luka Colucci (Franco Marsini).
A série respeita o legado da telenovela, tanto que faz uso de músicas que foram ouvidas em dezenas de países e foram grandes hinos. Conta com personagens já conhecidos como a diretora Celina Ferrer (Estefanía Villarreal) e a mãe da Jana, Pilar Gandía (Karla Cossío) que estavam presentes no elenco original da telenovela mexicana como alunas. Um dos corredores ganha uma vitrine de reconhecimento a banda RBD com uniformes, discos e instrumentos musicais. Além de trazer um Colluci, Luka é primo de Mía Colluci. Se torna até uma brincadeira identificar todas as referências ao Rebelde de 2004. Sendo assim, o fanservice foi entregue e muito bem por sinal, com direito ao chapéu rosa de Mía e tudo. Só gratidão Dona Netflix!
Toda essa bagagem chama o público que cresceu com Rebelde para assistir esse reboot. Mas também brinca em diversos momentos com a nova geração, essa qual a série realmente é designada. Exemplo com a MJ chegando ao EWS com a estrela colada na testa, como a Mía utilizava e já é repreendida pela Emilia que explica que nada é mais brega que um fã.
Esse tipo de reboot trás uma nostalgia aos adultos que cresceram assistindo, como exemplo High School Musical que ganhou série na Disney. Mas a ideia principal é atingir um novo público teen, que pouco provavelmente vai assistir a coisas “antigas” porque muitas pautas realmente precisam ser revisadas e se tornarem atuais, mas que fizeram tanto sucesso que a receita pode sim ser reutilizada de forma que não vai afetar o trabalho original.
São os mesmos personagens da telenovela Rebelde?
A série é uma continuação aos eventos ocorridos na telenovela. Embora ambientada na mesma continuidade, esta série se concentra em um novo elenco de personagens de uma perspectiva diferente no mesmo cenário. A comparação infelizmente é inevitável. Já peço desculpas de antemão, mas apesar da modernização de Rebelde, os arquétipos se repetiram.
Enquanto Giovanni escondia sua família, filho de açougueiro e de origem humildade, na série temos Dixon que esconde que é filho de advogados e possuí uma família relativamente rica. O colombiano finge ser pobre para fazer “tipo” para seus amigos. Até o estilo do aspirante à rapper pode ser comparado ao de Giovanni. Luka é Diego Bustamante, é possível comparar até mesmo as brigas com seu pai autoritário, as tentativas de comprar amor com regalias.
Já Miguel passou o bastão para Esteban. Os dois bolsistas tentando desvendar um mistério. Enquanto Miguel vai em busca de vingança porque acreditava que Franco Colucci estava por trás dos eventos que ocasionaram a morte de seu pai, Esteban entra na EWS para procurar sua mãe, que foi professora de Luka. E incrivelmente os dois protagonistas se apaixonam pela patricinha.
E falando em patricinha… A comparação entre Jana e Mía Colucci são impossíveis de não serem citadas, até o uso do celular de forma não convencional, como parte do look. Enquanto Mía usava seu icônico V3 pink na bota, Jana no primeiro episódio usa o Samsung de display exatamente igual e em outra cena é possível ver ela utilizando o celular em sua “pochete” de forma nada habitual, abrindo o display e deixando parte à mostra. A aparência da personagem também lembra Mía Colucci, desde a franjinha do cabelo, uso de botas e saias curtas. Mas para por aí, o estereótipo é parecido, mas a personalidade é completamente diferente, não tentam fazer de Jana uma nova Mía Colucci.
É possível ver toda a rebeldia da Roberta Pardo em Andi, desde a primeira cena de Andi com sua mãe pedindo um abraço, é muito Alma Rey implorando por demonstração de afeto. O estilo mais extravagante e chamativo também lembra muito a ruiva. MJ acaba sendo uma versão da Lupita, envergonhada e “puritana”.
Todos os estereótipos foram repetidos, não sei se intencionalmente ou não, mas com certeza utilizaram da mesma receita, e não, isso não seria um defeito desde que conseguissem um elenco tão carismático quanto foi Anahí, Dulce María, Alfonso Herrera, Christopher von Uckermann, Christian Chávez e Maite Perroni. O que não foi o que aconteceu. Tirando Dixon, interpretado por Jerónimo Cantillo, que realmente dá um show na atuação e se sobressai e Emília, interpretada por Giovanna Grigio, que se torna uma das personagens principais desde sua primeira cena, os outros atores ficam devendo muito no quesito carisma. Algo que pode passar despercebido pela geração atual à qual a série foi produzida, mas para nós jovens adultos de quase 30 anos fica perceptível e gostaríamos sim que o elenco tivesse sido melhor escolhido.
Onde Rebelde falha?
Já não é de hoje que jovens são interpretados por adultos, e isso vemos em diferentes universos, seja séries, novelas ou filmes, mas Rebelde Netflix peca muito quando não faz uso de maquiagem para cobrir as tatuagens dos atores. Por mais liberais que estejamos no século 21, é fora da realidade jovens de 16 anos terem a quantidade de tatuagens que o elenco de Rebelde possui. Esteban por exemplo possui metade do braço tatuado e Andi possui muitas tatuagens por todo o corpo. Pensando que jovens vão assistir a série isso deveria ter sido pensado melhor.
Quanto ao roteiro, não gostei da parte do Esteban procurando pela mãe, principalmente pelo fato dele achar que o Luka já sabia de tudo. Acredito que ficaram muito tempo tentando resolver algo que estava muito óbvio. A cena do Esteban descobrindo a senha do notebook do Luka porque cada tecla faz um som diferente realmente foi uma vergonha alheia.
Outro ponto de furo no roteiro foi quanto à uma explicação mais robusta para o retorno da Seita, a organização existia na telenovela para perseguir os alunos bolsistas, tendo um fundo político e de estrutura econômica envolvida na dinâmica. Já na série, a Seita simplesmente caça os novos alunos da EWS, e a pergunta que fica no ar é “Por que?”.
Outra pergunta que não quer falar é “Cadê as danças?”. As coreografias das músicas do RBD são um marco, sempre foram parte fundamental de suas apresentações, porém Rebelde Netflix ficou devendo danças. Visto que estamos em uma época onde o TikTok é sucesso mundial, as coreografias com certeza ajudariam a viralizar ainda mais a série. Os únicos momentos que temos de dança é primeiramente o Luka Colucci dançando Dua Lipa, mas não fazia parte de nenhuma apresentação. E a Emília em um dos ensaios para a apresentação da final da Batalha de Bandas.
Tá, mas a série tem acertos?
Desde Julie and the Phantoms (2020) a Netflix não trazia nenhuma série teen musical, e já estávamos com saudade. Rebelde no episódio 6, intitulado Sálvame, conta com um medley incrível de músicas do RBD que com certeza agrada muito os fãs antigos. Ao longo da série somos apresentados à novas músicas autorais que são excelentes, além de algumas regravações como Baby One More Time da Britney Spears.
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Entre os acertos, podemos também citar a representatividade LGBTQIA+ que não foi utilizada na telenovela e agora vem de forma leve na série, sem criar nenhum ambiente de jovens se descobrindo ou precisando contar aos pais. Inclusive as melhores cenas são protagonizadas pelo casal Andi e Emília. Primeiro com com uma cena bem sexy e outra no último episódio quando Emília assumi Andy para a escola toda na Batalha de Bandas.
Temos Luka que é assumidamente gay, que saiu do armário por causa da Jana. E mesmo sendo gay não precisa ser retratado envolvido em nenhum caso, ele simplesmente é gay e ponto. Assim como Dixon, que é bissexual e não vê nenhum problema em revelar isso.
Além de contar com a representatividade trans no elenco com a inspetora Lourdes, interpretada pela atriz trans Karla Sofia Gascón.
O ponto alto da série está na química dos personagens, principalmente os casais: Emília e Andi, Dixon e MJ, Esteban e Jana, todos roubam a cena quando estão em tela. A sincronização da banda também rende ótimas apresentações que nos deixam aquela vontade de “quero ver mais”.
Os oito episódios conseguem amarrar bem o primeiro enredo, a primeira Batalha de Bandas, a Seita, e ainda assim deixa muitas pontas soltas para próximas temporadas principalmente em relação aos dramas familiares, que sempre foram o ponto alto da telenovela mexicana. A segunda temporada de Rebelde não foi só confirmada como já está gravada. Assim que tivermos a data contamos para vocês.
Rebelde Netflix ganha um 7/10 na escala de qualidade do M+.
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De Game of Thrones a Grey's Anatomy, de Breaking Bad a Harry Potter. Bruna é maratonista profissional de filmes e séries, leitora feroz e aspirante a fotógrafa. Produtora de conteúdo e graduada em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi.