Flow é uma animação fora dos padrões, mas que conquistou os corações da crítica e dos fãs, sendo um dos fenômenos do Oscar 2025 e da história da premiação

O Brutalista é uma experiência única
Lançado originalmente em 20 de dezembro de 2024, O Brutalista é um drama histórico épico que chegou aos cinemas brasileiros de forma um pouco “atrasada” no dia 20 de fevereiro deste ano, apresentando um dos filmes com mais indicações no Oscar de 2025, com 10 delas. Bastante comentado por ter um intervalo de 15 minutos durante todas as suas exibições aqui no Brasil, assim como foi apresentado no Festival de Veneza de 2024, o filme narra a história fictícia de László Tóth (Adrien Brody), um grande arquiteto judeu húngaro que sobrevive ao Holocausto, é separado de sua esposa e emigra para os Estados Unidos na busca de uma vida melhor.
Pessoalmente, eu não costumo ser parte do grupo de pessoas que defende que filmes PRECISAM ser assistidos no cinema, mas a experiência com O Brutalista é tão curiosa que me fez acreditar que o longa melhora muito quando a assistimos em um. O motivo disso não é apenas a fotografia hipnotizante de Lol Crawley e a escala da obra, que se apresenta como um épico, mas também pelo seu intervalo, algo que foi bastante alardeado nas redes sociais e divide opiniões.
Abordando a polêmica: O Brutalista tem 3h35m de duração e possui um intervalo de 15 minutos durante a sua exibição e a forma que ele é apresentado me surpreendeu por não ser como eu esperava (uma pausa na projeção feita pelos cinemas), mas sim uma escolha consciente dos cineastas, que optaram por separar o longa em Dois Atos, inspirado nos teatros e ballets, criando um frame específico para a intermissão, onde uma contagem regressiva mostrava quando a exibição retornaria. A minha experiência mais próxima disso foi quando assisti o ballet de O Lago dos Cisnes no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o que de início causou um pouco de estranheza no cinema, já que se tratava de uma exibição e não de um espetáculo ao vivo, mas logo minha percepção mudou: durante essa pausa foi possível ver um pouco das reações sobre o filme nos rostos dos meus colegas de sessão e escutar alguns comentários, o que realmente enriqueceu a minha percepção da obra como uma experiência coletiva. Com isso, eu e todos os presentes na minha sessão tivemos um respiro para absorver a primeira 1h40m de O Brutalista antes de seguir acompanhando a jornada de László na batalha para alcançar o “Sonho Americano”.

E é justamente aí que O Brutalista mostra a genialidade do diretor Brady Corbet, também responsável pelo roteiro ao lado de Mona Fastvold, que consegue apresentar um drama épico recheado de críticas sutis e não tão sutis aos Estados Unidos. O principal apontamento do filme é a forma que os estadunidenses tratam os imigrantes (assim como uma crítica rápida a preconceitos internos do país), neste caso os que fugiram dos efeitos na 2ª Guerra Mundial na Europa, e como estes têm de se moldar de acordo com a sociedade norte-americana para terem sua existência minimamente tolerada, como é mostrado com Átila (Alessandro Nivola), primo de László, que o recebe no país e revela que adotou um novo nome, sotaque e religião para buscar ser visto como igual por eles.
As tragédias László e seus desafios para exercer sua profissão, mesmo bancado pelo riquíssimo Harrison Lee Van Buren (interpretado com primor por Guy Pearce), refletem o desconforto da população ao seu redor por sua mera existência, enquanto a atuação de Adrien Brody nos passa toda a dor, saudade e vícios do protagonista, que é moído pelo sistema capitalista enquanto está distante não apenas do seu país, mas também da sua esposa Erzsébet e da sobrinha Zsófia, a qual acreditava estarem mortas. Desde mergulhar totalmente a vida no trabalho até o abuso de drogas, o protagonista é um retrato trágico da imagem de vencedor vendida pelos Estados Unidos da época, uma crítica que ressoa mesmo hoje.

Assim como as atuações masculinas, as atrizes também conseguem aparecer com destaque (mesmo com papeis menores), com destaque para Erzsébet e Zsófia, que foram trazidas à vida de forma muito convincente por Felicity Jones e Raffey Cassidy. Apesar do longa se passar nas décadas de 40 e 50, a personagem de Jones é uma presença forte em tela, que se destaca principalmente no Ato II como uma das âncoras de sanidade do protagonista.

Sinopse:
“O arquiteto visionário László Tóth (Adrien Brody) foge da Europa pós-Segunda Guerra e chega aos Estados Unidos para reconstruir sua vida, carreira e casamento. Sozinho em um novo país, ele se estabelece na Pensilvânia, onde o rico e proeminente industrial Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce) reconhece seu talento.”
Leia também:
+ Acompanhante Perfeita é humor crítico e violência no ponto certo
+ Netflix revela trailer e novas imagens da nova série coreana
+ The Moon: Sobrevivente dá show de efeitos especiais
Confira o trailer oficial de O Brutalista:
Comentários
Nascido em 98 na pequena Pindamonhangaba, sou um cara comum que curte falar de filmes bons, música e o que mais eu estiver gostando no momento.