Tempestade Ácida (Acide) é um alerta sobre o que pode acontecer se não cuidarmos melhor…
Ad Astra – Crítica
Esse se fazermos um filme de resgate no espaço com Brad Pitt? E se esse resgate se passar no nosso sistema solar, com o futuro do sistema inteiro em jogo? Bem, parece que alguém pensou exatamente nisso. Ad Astra é uma ficção científica que reuni estas idéias e um pouco mais para contar mais que uma história de resgate, uma história de reflexão sobre … sobre o que mesmo?
Como assim “sobre o que mesmo?”? Esqueceu o que ia escrever?
Caro leitor, se eu estivesse esquecendo de algo é porque tinha algo para esquecer.
Bem, vamos por partes: Ad Astra é uma ficção científica pautada na ciência atual, com apenas doses controladas de exagero que a bota no gênero. Mas o filme não fica apenas como ficção científica, flertando com outros gêneros como o drama , ação e o sub-gênero de futuro distópico (este eu deixo em aberto se tem ou não, mas aparenta estar presente também).
Definindo que esse filme é uma salada mista, preciso disser que ele faz uma péssima salada. Os momentos que os gêneros fluem de um para o outro são muito mal dirigidos, e o próprio roteiro não colabora em nada para o filme.
Ok, mas o que tem haver com a salada ser ruim com a reflexão do filme?
Em Ad Astra… tudo.
O filme se baseia na relação que o protagonista, Roy MacBride (Brad Pitt), tem com o seu pai, Clifford MacBride (Tommy Lee Jones), e com todas as outras pessoas a sua volta. Mas apesar de ser a primeira relação a mais importante para a trama, a segunda é que define o andar do filme, pois é a que dita como e porque Roy vai tomar uma atitude X ou Y. Nisso, os gêneros e sub-gêneros presentes no filme serviriam para passar para o espectador o tom de como as coisas estão indo, deixando subentendido o que Roy estava sentindo, porém é aí que mora os dois problemas chaves do filme:
- O filme peca gravemente na fluidez do roteiro, tendo uma quebra abrupta negativa dos momentos de ação para os dramáticos.
- Em um filme que as bases são as relações do protagonista com outras pessoas, porque raios deixar isso tão raso? A relação com o pai é até bem explorada e apresentada, mas a de Roy com os outros é tão mal apresentada que só dá para entender porque o filme tem a narração dos pensamentos do protagonista.
E justamente porque a salada de gêneros é mal feita que a reflexão final do filme fica muito ruim. O protagonista inicia o filme em um estado de espírito X e termina em Y, mas no fim é difícil dizer o que esse filme quer comunicar, porque todas as informações são mal apresentadas até o terceiro ato do filme. A minha melhor resposta que vejo para a pergunta é que se trata do valor que damos as outras pessoas, mas mesmo essa resposta não fico seguro de garanti-la.
Eita. Mas é tão ruim assim?
Justiça seja feita, os atores são a melhor coisa que o filme apresenta. Brad Pitt manda bem, o Tommy Lee Jones entrega aquela atuação padrão alto dele, e os outros atores também fazem um bom trabalho no curto tempo de tela que aparecem.
Mas quanto ao roteiro e direção, o filme é um desastre. O roteiro, além de ser confuso, é muito simplório, mas é um simplório muito negativo se pegarmos que o filme é uma ficção científica, e nesse estilo de filme o que geralmente se destaca é o roteiro; a trama não é ruim, mas tem um desenvolvimento péssimo; e as cenas são muito mal dirigidas. No primeiro ato do filme tem a melhor cena de ação do filme, e até os efeito sonoros e visuais são legais, mas é uma cena que a tensão para ela foi mal construída, e o decorrer dela é muito clichê. De todas as cenas de ação, apenas uma realmente surpreende, e mesmo essa surpresa pode criar uma confusão se o espectador não estiver muito atento ao filme.
E para piorar tudo, o diretor exagera no uso de um recurso muito antiquado, que é a narração de pensamento. O que o diretor poderia passar através da imagem e da atuação do Brad Pitt (que é um baita ator), é suplantado por uma narração dos pensamentos do Roy, que sinceramente apesar de ser a linha guia do filme e é através dela que vemos a evolução do personagem, é muito mal feita e ocupa tempo demais. A impressão que dá é que até o diretor achou o filme tão confuso que optou por explicar o passo a passo da trama através de uma narração, e mesmo assim o filme não deixa de ser confuso.
Rapaz… tô pressentindo uma nota vermelha?
Sim caro leitor, você está.
Apesar do filme ter pontos fortes como os efeitos sonoros e visuais, uma boa assessoria científica (quem viu os testes de pouso não tripulado da Space X vai entender o que eu to falando), e os atores entregarem uma atuação boa, os pontos fracos puxam mais que um buraco negro.
Por isso Ad Astra fica com uma nota 4,5/10 no grau de qualidade do Multiverso+.
E você? O que achou do filme? Teve coragem de ir ver esse meteoro em queda? Escreva nos comentários sua opinião e siga o Multiverso+ nas redes sociais.
Comentários
Um historiador por profissão, que ama cinema e televisão e escreve por diversão.