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Sweet Tooth: 1ª Temporada – Crítica
A Netflix segue com suas adaptações de livros e HQ’s em séries, e a da vez vem das páginas da premiada HQ Sweet Tooth, de Jeff Lemire. A série que conta a história do híbrido Gus chegou na plataforma vermelha sendo produzida pelo incrível Robert Downey Jr. nas últimas semanas, e já ganhou uma grande quantidade de fãs. Continue lendo para conferir o que achamos da série (COM SPOILERS):
O que é um híbrido? E qual é da história dessa série?
Uma história simples, mas que carrega uma narrativa muito bem elaborada. O mundo de Sweet Tooth se passa na Terra em um futuro pós-apocalíptico em que uma bactéria muito forte causou uma pandemia, que matou parte considerável da população humana e ocasionou um enorme colapso social conhecido como Grande Colapso. Durante o início da pandemia, junto do vírus começa a nascer crianças híbridas (meio humana – meio animal), que são associadas por parte da população como relacionadas ao vírus, o que leva a uma perseguição a essas crianças.
Sweet Tooth(gíria pra algo como “formiguinha” em português, em referência a alguém que gosta muito de doces) conta a história do jovem Gus (Christian Convery), um menino meio humano – meio cervo que vivia isolado na floresta com seu pai, até que eventos trágicos o fazem encontrar o caçador Tommy Jepperd (Nonso Anozie), que leva Gus a querer sair da floresta onde vivia para procurar sua mãe.
No decorrer das aventuras de Gus que vamos descobrindo como esse novo mundo funciona, mas não apenas por ele. A série divide a sua narrativa entre o núcleo do Gus, o núcleo do Dr. Aditya Singh (Adeel Akhtar) e o núcleo da ex psicóloga Aimee.
Dr. Singh foi um médico que trabalhou durante a época do Grande Colapso e ficou traumatizado com alguns casos que ele encontrou, principalmente com a sua esposa Rani Singh (Aliza Vallani) que possui a doença, porém vem sendo tratada em segredo por anos.
Já a Aimee foi uma psicóloga de casais que decidiu se reinventar durante o período do Grande Colapso, e decidiu morar em um zoológico. Depois de um tempo vivendo lá, ela recebe uma criança híbrida meio humana – meio porco, de quem Aimee decide criar como filha, e depois a motiva a criar uma Reserva para proteger outras crianças híbridas.
Essa é a base da história de Sweet Tooth, e através desses núcleos que os eventos da série vão evoluindo e, por fim, convergindo.
Epa! Pera aí. Essa série fala sobre uma pandemia…
Calma caro leitor(a)!
Sim, eu sei. O tema em si da série talvez não seja o mais apropriado para o atual momento em que todos nós vivemos, e sinceramente, não recomendo assistir caso você esteja passando por uma situação muito difícil em decorrência da pandemia, como depressão.
A série tem diversas cenas de hospitais no meio de uma pandemia, da sociedade passando por uma pandemia, e inclusive um dos temas que Sweet Tooth aborda é como situações extremas (como pandemias) afetam e mudam as pessoas, com cenas por exemplo de comunidades que queimam pessoas infectadas junto com todos seus bens e moradia por medo de uma nova onda de infecções.
A série em si é muito boa, e tem uma narrativa muito gostosa de se assistir. MAS se você não está psicologicamente bem por causa da pandemia de COVID19, espere para ver Sweet Tooth quando você estiver melhor.
Ok. Bem, e com é que a série se desenvolve?
A série cresce de uma maneira espetacular.
A narrativa dividida em 3 núcleos ajuda o espectador a entender toda a extensão e complexidade que esse mundo de Sweet Tooth possui, mesmo que a história principal seja de uma criança procurando sua mãe.
Com Gus, vemos uma exploração básica da narrativa, onde descobrimos através de uma ótica infantil esse mundo que é desconhecido tanto pelo Gus quanto pelo espectador. No desenvolver da história dele, conhecemos novos personagens importantes como a Bear (Stefania Owen), que é uma órfã que, depois de passar anos desamparada, reuniu outros órfãos e criou um exército que protege os híbridos.
No núcleo do Dr. Singh, vemos como a sociedade se adaptou a essa nova realidade distópica, com comunidades com tolerância zero a infectados, médicos que abrem mão da ética profissional para ir atrás de uma cura ou tratamento para a doença e um governo militarizado e comandado pelo general do grupo Últimos Homens, o Abbot (Neil Sandilands).
Já com Aimee, o núcleo é o que mais demora para entrar em seu clímax, mas é porque com ela temos um dos momentos mais importantes da temporada, quando sua Reserva é descoberta pelo exército dos Últimos Homens e a inevitável invasão e captura das crianças.
As três narrativas vão convergindo para o momento pós tomada da Reserva, o que marca os pontos finais da primeira e deixas para uma aguardada segunda temporada.
E os momentos mais valiosos dessa séries são as relações entre personagens. As interações entre Gus e Jeppard são excelentes, ambos os atores demostraram uma química em cena necessária para que o núcleo do protagonista pudesse crescer, e essa química cresce quando tem a entrada da Bear, que compõe o trio de maneira espetacular.
O casal Singh é ótimo, as atuações dos dois passam muito bem a angústia que ambos tem em descobrirem que Rani está infectada e todo o peso do Dr. Singh em ter que trabalhar com algo que ele ama, mas que o traumatizou, e ainda por cima ter que deixar de lado toda a ética profissional que ele estima para poder salvar a esposa.
E o núcleo da Aimee complementa toda a narrativa ao apresentar uma pequena sociedade que se opõe ao restante da sociedade que a cerca. E as cenas entre Aimee e Wendy (Naledi Murray) adicionam muito na construção das duas personagens, que vão ser personagens essenciais para o prosseguimento da história.
Nossa, só elogios! Mas tem alguns problemas?
Bem, só terminando os elogios, além da questão narrativa e de roteiro serem ótimas, a série acerta muito também na caracterização da maioria dos personagens.
E daí já vem alguns problemas: quando aparecem híbridos que são muito mais animal do que humano, fica evidente que se trata de um boneco. Não é mal feito o boneco, que é um animatronic (inclusive as orelhas do Gus foram confirmadas serem animatronic também), mas se você prestar muita atenção pode te tirar um pouco do clima da cena.
Também devemos ressaltar que, apesar de passar bem o papel de vilão, faltou um pouco de construção no general Abbot. A primeira temporada de Sweet Tooth além de ser uma introdução desse mundo, também é uma grande construção para a segunda temporada, e não ter apresentado melhor o principal antagonista nessa temporada pode tomar tempo de tela na próxima para dar essa explicação.
Tirando esses pontos, no geral a série manda muito bem. Tanto nos quesitos técnicos quanto nas atuações. A gente não chega a ver uma atuação extraordinária, mas nenhuma chega perto de ser ruim.
E aí? Como é que fica?
Fica que essa série tem um resultado extremamente positivo. Não tem um episódio que seja chato de assistir, apesar de ter uns melhores que outros. E a deixa para a segunda temporada é sensacional, misturando uma situação de desespero, mas também esperança.
Por isso, é justo dar para Sweet Tooth uma nota de 8,5/10 na escala de qualidade do Multiverso+. E que venha a segunda temporada!
Enfim, e você? O que achou da primeira temporada de Sweet Tooth? Escreva nos comentários sua opinião, e para mais críticas e notícias sobre cinema e séries, siga o Multiverso+ nas redes sociais.
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Um historiador por profissão, que ama cinema e televisão e escreve por diversão.