Skip to content

Castlevânia: Temporada Final – Crítica

Castlevânia chega a sua quarta e última temporada com a aguardada conclusão das aventuras de Trevor, Sypha, Alucard e outros queridos personagens. Confira nossa crítica (com spoilers) sobre essa conclusão!

Como é que está a série de Castlevânia?

A série continua com qualidade técnica na animação, efeitos sonoros e roteiro que são primorosos mesmo entre outras animações da Netflix. É seguro afirma que Castlevânia é uma das melhores animações que o serviço de streaming já fez.

O continuísmo da produção combina perfeitamente com a escolha narrativa de se alternar entre núcleos da história, e com uma apresentação dos eventos de cada núcleo de uma maneira que não tinha sido explorada antes na série.

Hm… Interessante. E os personagens?

Divulgação / Netflix

Os personagens, que são o ponto mais forte de Castlevânia, têm conclusões excepcionais. Não tem um que não fique com um final digno. E até os personagens novos dessa temporada são muito bons e agregam muito para construir o final da temporada.

No núcleo de Carmilla e suas irmãs e do Isaac não temos nenhuma adição de personagens, o que é bom. O plano de conquista que Carmilla havia montado é  melhor explicado nesta temporada em suas motivações e na sua extensão. A reação e posicionamento de Lenore, Striga e Morana ao plano são finalmente explorados. Isto agrega às personagens uma maior profundidade do que apenas aliadas de uma grande vilã.

Isaac e Hector finalmente encontram propósitos para suas vidas, que não precisam da imagem ou presença do Drácula. O final de ambos não é nada do que a apresentação inicial desses personagens indicava, o que demonstra o quanto o roteiro conseguiu trabalhar a transformação que os dois passam.

Já no arco de Alucard, a história gira em torno do papel que ele, como meio humano e meio vampiro, se imagina ter até que uma situação de desespero chega à ele. E o personagem que na temporada passada enfrentou uma situação de traição, aqui teve que escolher deixar que outros confiassem nele as suas vidas. E a maneira como a trama dele evolui em perigo e desafios até chegar ao ponto em que todas as tramas se unem foi algo muito bem pensado. Sem contar com a adição da Greta, a prefeita da cidade que pede ajuda à Alucard, e que se torna uma personagem que traz no filho do Drácula seu lado mais humano.

E o segmento de Alucard e Sypha é primoroso. A história deles nessa temporada explora gradualmente como os dois estão a meses lutando quase sem descanso, e muitas vezes indo de uma situação a outra não porque querem, mas porque outros precisam deles, e como isso tudo tem consequências adiciona a esse casal,  que o espectador já sabe que eles são poderosos, uma dose de mortalidade e inclusive fragilidade que não é comum de se ver em histórias de fantasia. O normal é ver os heróis lutando contra hordas e hordas de inimigos com no máximo umas gotas de suor. Mas aqui não.

Em Castlevânia, os heróis cansam e o cansaço pode levar eles a serem acertados por golpes que o público sabe que eles seriam capazes de escapar, mas naquele momento as lutas acumuladas cobram o seu preço.

Divulgação / Netflix

Céus! Isso é muito maneiro mesmo. E como é que é essa trama final?

A quarta, e última, temporada de Castlevânia traz algo que já vimos na terceira temporada: no núcleo de Trevor e Sypha os vilões procuram uma forma de tirar o Drácula do inferno, e no da Carmilla e Isaac é o plano da rainha vampira preste a entrar em conflito com a vingança do Mestre de Forja.

Mas por que não mudou nada?

A escolha de não mudar a trama foi uma escolha para trazer uma conexão direta e constante com os eventos que já tínhamos visto anteriormente. E foi uma escolha muito certeira.

Dar esse ar de continuidade direta deu a percepção de realismo para uma história de fantasia: não é porque o objetivo dos vilões falhou em uma primeira tentativa, que ele seria abandonado. Isso agrega muito aos vilões, e demonstra inclusive algo que a Carmilla já avisa exposto nas temporadas anteriores: os vampiros são tão subordinados à autoridade e poder do Drácula, que eles não conseguem imaginar um mundo sem ele. Isso leva eles a um ponto de formarem uma vasta aliança para tentar encontrar um meio de tirar seu líder do inferno.

Já na trama da Carmilla e do Isaac, a não mudança de trama ajuda a desenvolver o que já estava em andamento, e que em nenhum momento deu a entender que já estava finalizado. Vemos esses dois núcleos crescerem em suas ambições, porém no caso de Carmilla sua ambição é tão grande, que mesmo aquelas que são sua aliadas mais próximas, e íntimas, já não acreditam ser possível que esse plano se concretize. E em contra partida o crescimento das ambições de Isaac leva a uma concretização da evolução do personagem, com ele agora não apenas querendo uma simples vingança, mas também com o desejo de governar uma terra para trazer seu novo entendimento do mundo de uma maneira concreta.

E a maneira que ambos os arcos concluem tem uns dos melhores momentos em toda a série: a luta Carmilla x Isaac ficou incrível em todas os critérios técnicos que uma animação possa exigir; a forma como as desavenças entre Hector e Isaac termina é supreendente, e que deixa uma conexão coerente com o restante da série; e o destino final de Striga, Morana e Lenore é perfeito, e complemente condizente com as personagens que conhecemos na temporada anterior

E a conclusão do Trevor, Sypha e Alucard conseguem fechar completamente as tramas iniciadas lá na primeira temporada. Trevor e Sypha viajam por seis meses lutando quase sem descanso, até chegarem na cidade de Targoviste, a cidade onde Lisa Tepes, esposa do Drácula, foi queimada viva. Ali o casal protagonista enfrentam tanto desafios físicos, lutando contra vampiros e criaturas da noite, quanto desafios morais, ao se deparar com a situação calamitosa que a população da cidade enfrenta. E dali a trama contra o plano dos vampiros de ressuscitar o Drácula leva a encontrar novas armas contra esses inimigos, mas também inimigos cada vez mais poderosos, e esse escalonamento do desafio apresentado foi muito bem executado. A cada novo inimigo, fica claro que a situação vai ficando mais perigosa não apenas pela aparência dos adversários (o que aliás é muito bem trabalhado), mas também em como Trevor e Sypha vão acumulando feridas e machucados.

E temos na trama do Alucard a reintrodução do Saint Germain, o alquimista que na temporada anterior havia se sacrificado para ajudar Trevor e Sypha, nessa temporada final de Castlevânia volta como um antagonista, que cresce na trama de Alucard como um infiltrado dos vampiros, mas que busca trazer o Drácula para o mundo para satisfazer objetivos pessoais.  Todos esses personagens vão convergindo aos poucos para se reencontrar no local mais icônico dessa série: o Castelo do Drácula, onde lá ocorre o confronto final entre Trevor, Sypha e Alucard contra os vampiros e Saint Germain. E a batalha final é um espetáculo de animações. A fluidez no movimento dos personagens, a sinergia demonstra em combate entre os três, e o ápice máximo dos desafios ao se enfrentar a personificação da Morte traz para a temporada final a dose de ação e desafio que Castlevânia mereceu.

Divulgação / Netflix

Caramba! E aí? Como é a conclusão de Castlevânia?

E aí que Castlevânia tem uma conclusão primorosa. Todos os personagens chegam na reta final de uma maneira digna e que conclui a evolução moral de todos eles.

Se for para apontar alguns poucos defeitos, seria que os episódios mereciam um pouco mais de tempo para mais diálogos entre os personagens. Não que os diálogos que têm na temporada sejam insuficientes para entender a trama, mas certos elementos da trama passam rápido. Se o espectador não ficar atento pode achar que esteja tendo um furo de roteiro quando esses elementos voltam na conclusão dos núcleos. Como, por exemplo, a arma final usada por Trevor para derrotar a Morte. Ela é sutil e gradualmente introduzida no decorrer da série, e só no final tem uma explicação expositiva sobre ela.

Tirando isso, a série é só acertos. A quantidade de episódios foi precisa e todas as pontas soltas foram resolvidas. Com isso, a quarta e última temporada de Castlevânia fica com um merecido 9,5/10 e um 9,0/10 para a série como um todo na escala de qualidade do Multiverso+.

E você? O que achou da adaptação em série animada de Castlevânia? Escreva nos comentários a sua opinião e, para mais críticas e notícias sobre cinema e séries, siga o Multiverso+ nas redes sociais.

Facebook

Instagram

Twitter

Leia também:

Sombra e Ossos: Primeira Temporada – Crítica

Ator Paulo Gustavo morre em decorrência da Covid 19

Marvel divulga calendário de estreias até 2023

Comentários
+ posts

Um historiador por profissão, que ama cinema e televisão e escreve por diversão.

Um historiador por profissão, que ama cinema e televisão e escreve por diversão.

Back To Top