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Caminho árduo: a inclusão social nos Esports
Os esportes eletrônicos se mostraram uma potência econômica e social durante os últimos anos. A Partir de 2020, as transmissões começaram a atingir picos enormes de transmissões, chegando a 30 bilhões de horas transmitidas. Além disso, as transmissões de campeonatos chegaram a uma média de 16 milhões de telespectadores simultâneos apenas em 2021.
No entanto, o crescimento dos esportes eletrônicos não acompanhou a necessidade inclusiva que o cenário pedia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, no Brasil, 45 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência, o que corresponde a 8,4% da população. Infelizmente, no país, ainda não se sabe o quantitativo de jogadores de games que sejam deficientes.
Mesmo com a alta quantidade de jogadores que necessitam de aparatos resultantes da inclusão social, os games e os esportes eletrônicos caminham devagar para combater o capacitismo estrutural e incluir mais pessoas com deficiências físicas nos cenários. Ainda que importântes, os passos que a inclusão social vem dando dentro do cenário de esportes eletrônicos no Brasil ainda são pequenos.
Em 2019, o jogador de Counter-Strike Gabriel ‘FalleN’ Toledo, criou o projeto Fallen e Amigos para buscar incluir pessoas com deficiência dentro com cenário de esports.
Esse é o vídeo do nosso projeto. Temos que agradecer imensamente a @scavazzini e toda sua equipe @thiagobugallo @leobertero @mayara_dornas @tashiro_andre @marcopintophoto que doaram seu tempo e conhecimento para a produção deste vídeo.
E estrelando: 1/2 pic.twitter.com/ffKT2PJLaO— Fallen e Amigos (@Falleneamigos) August 6, 2019
O Campeonato Brasileiro de League of Legends, o CBLoL, também iniciou sua caminhada na colaboração de um cenário mais inclusivo. Em 2022, a Riot Games Brasil, responsável pelo campeonato, decidiu incluir em suas transmissões uma tradutora de LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais.
“Incluir acessibilidade no CBLOL foi um grande feito para a comunidade surda, principalmente por ser referência em transmissão para o competitivo”, afirma Keila ‘Arien’ Alcântara, tradutora de LIBRAS do CBLoL, entrevistada para esta matéria.

Arien afirma também que alguns campeonatos menores de outras modalidades têm investido em acessibilidade, como as transmissões de alguns torneios de VALORANT, CS:GO e Free Fire. Contudo, de forma oficial, ainda não existem outros campeonatos além do CBLoL que fazem tradução para LIBRAS.
Segundo Carlos Antunes, Head de esports da Riot Games Brasil, a decisão de adicionar a LIBRAS no campeonato veio da vontade de incluir uma parte da comunidade de esports que não estava sendo atendida. Além disso, outros campeonatos de outras modalidades pertencentes a Riot Games também irão receber a tradução simultânea para LIBRAS em suas transmissões.
“Acredito que a inclusão nos esports de modo geral tem sido muito evidente de uns tempos pra cá. Os grupos que fazem parte de minorias sociais têm tido mais espaço […]. Acho que é um caminho árduo mas que está sendo estabelecido, principalmente no Brasil. Sinto que estamos construindo uma identidade mais inclusiva e com mais oportunidades”, afirma Arien.
Apesar de ver os passos, mesmo que pequenos, de um cenário que está tentando incluir mais pessoas, é evidente o quanto que a desigualdade social se faz presente e se aproveita das lacunas presentes dentro do cenário de esports para atrasar o avanço da inclusão social na cena. De acordo com Arien, a falta de interesse por parte das organizações acaba sendo um dos motivos para esse atraso.
“Apesar de existirem várias pautas sendo levantadas sobre as questões de gênero, raça, classe e pessoas com deficiência, não é tão comum encontrar organizações interessadas em fomentar a inclusão. Geralmente encontramos em datas específicas usadas para lembrar sobre o assunto em questão, e não diariamente.”, completa Arien, tradutora de LIBRAS no Campeonato Brasileiro de League of Legends.

Conforme Arien, o que pode ajudar no processo de inclusão social de pessoas com deficiência nos esports é o aumento de oportunidades e projetos voltados para essa comunidade. Ela também afirma que o gosto pela competitividade, o espírito esportivo e o amor pelos games e esports motiva qualquer pessoa a querer fazer parte do cenário profissional.
“Não faltam pessoas capacitadas e/ou dispostas a aprender, falta mesmo é mais oportunidade e mais projetos voltados para emancipação da comunidade com relação aos padrões esportivos da visão de pessoas sem deficiência e de outros grupos de dominância social. Acredito que estamos fazendo o possível para que empresas e organizações voltem seus olhos para nós, para que possamos construir um espaço saudável e seguro para os que estão aqui e para os que virão depois”, completa Arien.
Todavia, a ausência de inclusão social dentro dos esportes eletrônicos não atinge apenas as pessoas com deficiência. Problemáticas estruturais que existem na sociedade brasileira, como racismo, machismo e homofobia, também se fazem presentes dentro do cenário.
Para essas questões, o caminho ainda é longo e necessita de atenção. Ser contra a maré preconceituosa que habita em solo brasileiro é querer transformar o cenário dos esportes eletrônicos, é querer mostrar que os games são inclusivos e acolhedores, e que, além de tudo, independentemente de suas características, os games e esports são para todas as pessoas.
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