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Luana dando um presente para Virgínia em Meu Casulo de Drywall

Crítica: Meu Casulo de Drywall é pesado, mas levanta debate importante

Meu Casulo de Drywall é acima de tudo um alerta sobre saúde mental adolescente e prevensão de suicídio. A diretora Caroline Fioratti se dedicou durante 10 anos ao projeto, usando angústias e anseios da própria adolescência como combustível para criar esta obra.

O filme acompanha 24 horas na vida de moradores de um condomínio de alto padrão em São Paulo, onde tudo tem uma aparente perfeição, mas muitos segredos escondidos. Visitamos presente e passado de forma intercalada, após uma tragédia mortal.  que abala todo um condomínio de alta classe, em um universo de aparente perfeição.

Virgínia (Bella Piero) comemora os seus 17 anos com uma festa em sua cobertura. Apesar de tudo aparentemente perfeito, Virgínia não consegue ignorar a ferida que cresce com o correr das horas. O dia seguinte amanhece com Virgínia morta e o apartamento cheio de policiais tentando entender o que aconteceu ali. Patrícia (Maria Luíza mendonça), sua mãe, vive o luto quase a ponto de enlouquecer enquanto os amigos da jovem revisitam seus próprios segredos e se perguntam se foram culpados pela sua morte.

O filme usa do desfecho para colocar o espectador na ponta da cadeira, sempre imaginado se agora é o momento da fatalidade. O que também gera uma reflexão junto aos amigos de Virgínia de como tantas coisas poderiam ter sido o ponto final. Ou pior, mais uma gota para fazer o copo transbordar.

Luana (Mario Oliveira) tem seus problemas e colocava na amiga o peso de ser seu escape emocional. Nicollas (Michel Joelsas), namorado de Virgínia, tem uma relação difícil com os pais. E Gabriel (Daneil Botelho) tem suas paranoias de controle do Big Brother, mas aparenta ser um cara legal, tipo como o Dan de Gossip Girl se apresentava no início – participando, mas não exatamente pertencendo a aquele mundo. Da forma como cada personagem vai ganhando profundidade, é difícil não criar empatia por todos.

Fioratti bebeu da fonte de Sofia Coppola para se inspirar. De acordo com a diretora, a visão da juventude da veterana em “As Virgens Suicidas” e o retrato da solidão de “Encontros e Desencontros” foram muito importante para a montagem de Meu Casulo de Drywall. E realmente dá para perceber traços de ambos no filme brasileiro. Já o jogo temporal em 24h tem toques de “Elefante” de Gus Van Sant.

Meu Casulo de Drywall inclusive faz uma representação metafórica do estado mental de Virgínia com o aparecimento de feridas cada vez maiores em sua pele no decorrer da noite. Na maior parte do tempo isso acaba sendo meio confuso, pois só ela vê as marcas, que vão ficando muito nojentas, enquanto os próprios personagens comentam algumas vezes sobre machucados de Nicolas.

Um machucado é mental e o outro é físico, mas suas narrativas acabam ficando meio misturadas. Se fossem apenas os machucados de Virgínia, a metáfora teria funcionado muito melhor. Mas eu particularmente teria eliminado os machucados dela. Poderia usar recursos de iluminação mais sombria ou alguma outra forma para evitar essa mistura.

Por fim, Meu Casulo de Drywall é um lembrete de que é importantíssimo haver comunicação entre pais e filhos. Ambos precisam estar abertos e realmente estarem dispostos a ouvirem o que o outro está dizendo. Por melhor que seja a boa intenção de alguém, o que é bom para uma pessoa não necessariamente é a opção ideal da outra.

Meu Casulo de Drywall
Lançamento: 12 de setembro de 2024
Direção: Caroline Fioratti
Elenco: Maria Luisa Mendonça, Bella Piero, Michel Joelsas, Mari Oliveira, Daniel Botelho, Caco Ciocler, Débora Duboc, Flávia Garrafa, Marat Descartes, Lena Roque

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Produtora de conteúdo de entretenimento com mais de 5 anos de experiência na área. Estou sempre de olho no mundo em tudo que acontece nos universos de cinema, séries e games para trazer o melhor conteúdo para vocês.

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